A Justiça Comunitária investe no programa de educação continuada voltado aos agentes comunitários da Justiça e Cidadania. Na noite desta quarta-feira (27 de julho), na sede da Escola dos Servidores Desembargador Atahide Monteiro da Silva, cerca de 40 agentes participaram de uma palestra sobre os efeitos das drogas. “São assuntos pertinentes ao cotidiano dos agentes, que devem estar preparados para este enfrentamento. Queremos capacitá-los nos conhecimentos necessários para representar a Justiça junto à comunidade e, para isso, eles devem estar cientes de questões específicas“, pontuou a juíza responsável pelo programa Justiça Comunitária, Ana Cristina Silva Mendes.
A magistrada explicou que os assuntos constantes da pauta da educação continuada foram discutidos em uma enquete realizada pelos agentes comunitários. “Eles próprios sugeriram os assuntos de maior interesse. São os agentes que realizam os atendimentos de forma direta, portanto sabem quais são suas maiores necessidades”, destacou. Na atual gestão, este foi o terceiro encontro do grupo. No primeiro deles, a juíza Ana Cristina Mendes conversou abertamente com os agentes sobre o programa e, no segundo encontro, o debate restringiu-se à discussão sobre a violência doméstica. No encontro de ontem, a palestra foi proferida pela teóloga e estudante de psicologia Midiã Pires, acompanhada pelo pastor João Maria Pires.
A teóloga informou que 85% dos casos de violência têm ligação direta com o uso de álcool e drogas, fato que foi confirmado pela magistrada, que assinalou que grande parte dos reincidentes na prática de crimes são pessoas dependentes químicas. Para a agente comunitária Vânia Brito da Silva Gama, que atua no bairro Novo Colorado, em Cuiabá, a educação continuada é responsável por dirimir dúvidas importantes. “Levo esses conhecimentos para dentro de minha casa. Sou casada e mãe de dois filhos. A Justiça comunitária faz a diferença em meu ambiente familiar. Sempre cito o título de uma palestra ao meu filho: Lá em casa quem manda é o respeito”, disse a agente.
A agente Sheila Carlos dos Santos Carollo, que atua na região do CPA IV, ressaltou a necessidade da reciclagem. “É importantíssimo atualizarmos os conhecimentos. Recentemente vivenciei um caso interessante. Uma moradora queria se divorciar, mas não sabia onde estava seu ex-companheiro. Fui orientada a indicá-la à Defensoria Pública e que esta efetuasse a Declaração de Ausente para resolver seu problema. Foi simples, mas não sabia deste procedimento, que aprendi durante a educação continuada“, enfatizou a agente.
A assessora jurídica da Justiça Comunitária, Maria Helena de Deus Bezerra, é a responsável por dirimir dúvidas freqüentes dos agentes comunitários. “A educação continuada é desenvolvida também por telefone. Os agentes ligam e tiram dúvidas frequentemente. É uma forma de aprofundarmos seus conhecimentos e garantir o atendimento à comunidade”, afirmou.
No trabalho rotineiro, os conhecimentos adquiridos pelos agentes fazem a diferença. Para a família de dona Idemira, a Justiça Comunitária ajudou a continuar em companhia de suas netas. “O pai de minhas netas procurou a Justiça para tomar a guarda delas, que hoje têm 14 e 15 anos. Conversei com a agente, que me ajudou a procurar atendimento jurídico de uma faculdade, que fez minha defesa. Sei que ele acabou desistindo da ação depois que as assistentes sociais da Justiça Comunitária conversaram com ele. Hoje está tudo bem”, contou a dona Idemira, que após criar os 11 filhos, sustenta as duas netas.
“Esses são alguns dos casos que ajudamos a solucionar. A educação continuada nos ajuda a ampliar os conhecimentos e nos atualizarmos. É essencial termos esse preparo”, destacou a agente comunitária Constança de Moraes, que atende os bairros Pedra 90 e Nova Esperança, em Cuiabá.
