A morte da adolescente Daniely Rodrigues Pereira, 16 anos, continua envolta em mistérios. Os paisde Daniely ainda tentam encontrar uma explicação para essa tragédia. Dentre as teses, a de suicídio é descartada pela família, já que a jovem deveria ficar noiva no sábado (19), um dia depois do incêndio na casa dela no bairro Jardim Itamaraty, em Cuiabá.

Para os parentes da jovem, alguém pode ter entrado na residência, trancado-a no quarto e ateado fogo ao cômodo. Um curto circuito também é descartado pela vizinhança, já que o incêndio teria iniciado de baixo para cima e a fiação da casa ficou intacta.

Mas a confirmação ou não dessa supseita deve sair somente com o resultado do laudo da perícia. O fato é  que alguns elementos ainda não se encaixam para o pai de Daniely, Dercio Rodrigues Pereira, 46. Ele e sua esposa, Neuza Cardoso Pereira, 38, receberam a reportagem do site Olhar Direto e contaram alguns detalhes sobre o caso.

Dércio revelou que as vizinhas foram as primeiras a perceber o incêndio e contaram que o fogo começou da parte de baixo. Elas disseram que a jovem, que estava no quarto dos pais, corria em circulo no cômodo pedindo ajuda. Pela altura da adolescente, ela parecia estar ajoelhada, já que as testemunhas contam que pela  janela era visível apenas parte da cabeça de Daniely.

Outro fato que intriga os pais é que, quando a garota ligou para o namorado pedindo ajuda teria relatado a existência de homens na casa. Por isso, não se pode descartas a tese do homicídio. A família, inclusive, já tem alguns suspeitos, mas evita revelar seus nomes para não atrapalhar as investigações.

O caso foi encaminhado para a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que irá conduzir as investigações. No entanto, a polícia ainda deve aguardar a conclusão do laudo para saber o que causou o incêndio no dia 18 de novembro. Um computador da jovem foi levado pelos peritos e será analisado para saber se nele ficou registrado algum indício de que ela estivesse sendo ameaçada.

A mãe da Danny, como a garota era  carinhosamente chamada pelos amigos que até criaram uma comunidade em homenagem a ela no Orkut, dona Neuza, diz que não vê motivo para que a filha cometesse suicídio. E faz questão de desmentir as informações de que teria trancado a jovem em casa, ao sair com a outra filha de 18 anos grávida de oito meses para ir ao médico.

Neuza relata que a jovem chegou da escola, almoçou, tomou banho e ficou na sala fazendo as unhas. Ela  estava toda empolgada com o noivado que seria no dia seguinte. Já havia comprado um vestido e estava muito ansiosa, como toda adolescente apaixonada. Esses fatos, para a mãe, tornam muito remota a tese de suicídio.

Devido a destruição do telhado da casa pelo incêndio, os pais têm dormido na casa de parentes e agora tentam se recuperar da tragédia para reconstruir a residência da família. Eles moram no local há oito anos e Dércio é gerente de um posto de combustível no bairro. O pai também explicou que havia um galão de gasolina no local, mas admite não ter conhecimento do isqueiro encontrado na varanda da casa, em frente à janela do quarto onde Danny estava.

“Este galão eu tinha tirado do meu carro, que eu bati na semana anterior. Ainda comentei com o rapaz para ele colocar na moto dele. O galão estava lá, realmente, mas intacto no chão e não foi atingido pelo fogo”, relata o pai, ainda em busca de rspostas para o que aconteceu.

A missa de sétimo dia será nesta quinta-feira (24), às 19h30, na Igreja São Francisco Xavier, no bairro, mesmo local onde Danny ministrava aulas de catequese há três anos para crianças da região. Menina de fé, ela não era de balada e preferia sair com a família, além de curtir música gospel.

Os pais contam orgulhosos que a adolescente era muito inteligente e nunca dera trabalho a eles. Muito amiga da irmã e companheira da mãe, contava tudo que se passava e não escondia nem os amigos nem o namorado da família. Danny já estava há cinco meses com Alexandre e o relacionamento era bem visto pela família. A mãe conta que a jovem pensava em se casar, mas queria continuar a morar com os pais.

Apesar do projeto de construir uma família, a jovem ainda mantinha a pureza de menina em seu quarto com as paredes, pintadas por ela mesmo, com poemas espalhados e uma declaração de amor ao namorado pendurada na parede, na qual escreveu Danny e Alexandre. Ela ainda guardava seus ursinhos de pelúcia e, de vez em quando, ainda dormia no quarto com os pais.