A delegada da Polícia Civil Anaide Barros de Souza, suspeita de envolvimento em organização criminosa, diz não ter sido intimada para comparecer em audiência marcada para a tarde desta terça-feira (03) em Rondonópolis (219 km de Cuiabá). A audiência de instrução está na pauta do Tribunal de Justiça de Mato Grosso.

A delegada, que está atuando na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cuiabá, disse ao Olhar Direto não ter recebido intimação. No processo público, de número 1285-43.2006.811.0064, consta que o advogado de Anaide, Geraldo Carlos de Oliveira, foi notificado da intimação.

Além da delegada da Polícia Civil, outras 13 pessoas são indiciadas por corrupção ativa e passiva, associação ao tráfico, tráfico de influência e narcotráfico. O Olhar Direto tentou, por telefone, falar com o advogado de defesa, mas ele não estava no escritório.

Consta ainda no processo que a intimação para a audiência de instrução foi publicada no Diário da Justiça Eletrônica. Segundo a delegada Anaide Barros de Souza, a sentença foi anulada.

Na Denúncia do Ministério Publico Estadual (MPE) consta inquérito da Polícia Federal, que, através de interceptações telefônicas autorizadas pelo juízo em datas diversas, durante o ano de 2005, em Rondonópolis, policiais e advogados se associaram a traficantes e passaram a fazer parte da organização criminosa.

De acordo com a denúncia, os 14 envolvidos negociavam vantagens com presos flagrados em atos ilícitos para exclusão de envolvidos nas práticas criminosas, fragilização de procedimentos, prestação de falsos testemunhos.

Escuta telefônica

O advogado João Batista Borges Filho faz a intermediação de contatos com uma quadrilha, afirmando que a delegada Anaide Barros de Souza pedia R$ 12 mil para enfraquecer o inquérito e facilitar a absolvição de uma suspeita em envolvimento com o tráfico.

Em outra interceptação, Anaide se comprometia a não envolver a mãe de um traficante de Rondonópolis em práticas ilícitas. O valor solicitado pela delegada, conforme consta no inquérito, foi de R$ 5 mil.

Operação Overlord

Agentes e delegados federais desenvolveram ação em Rondonópolis na Operação Overlord, deflagrada em 2006 pela Polícia Federal, que teve como objetivo prender uma quadrilha que agia no município com corrupção ativa e passiva, associação ao tráfico, tráfico de influência e narcotráfico.

Quatro delegados, cinco advogados, seis traficantes e sete investigadores foram presos na época. A Justiça Federal de Mato Grosso foi quem expediu mandados de prisão preventiva e mandados de busca e apreensão.



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