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Quarta-feira, 24 de julho de 2024

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Delegado indiciado por matar namorada diz que não quer participar de audiência pública

O delegado Geraldo Toledo, que foi indiciado pela morte de Amanda Linhares, de 17 anos, afirmou que não quer participar de nenhuma audiência pública sobre o processo que responde. O recado foi dado por meio de uma carta enviada pelo indiciado a um desembargador. No documento, Geralto Toledo afirmou que irá fazer uso do direito que tem de permanecer calado.


Com a posição do delegado, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, deputado estadual Durval Ângelo (PT) , garantiu que não irá mais convocar audiências sobre o caso do delegado. No entanto, de acordo com informações da assessoria de imprensa do deputado, a comissão irá continuar cobrando da Corregedoria da Polícia Civil que apure com rigidez os outros processos que Geraldo Toledo responde. Assim, o chefe da Polícia Civil, Cylton Brandão da Matta, tem 30 dias para dar retorno à comissão sobre as outras investigações em que o delegado está envolvido e, conforme Durval Ângelo, deve ser punido.

A última audiência pública realizada sobre o assassinato de Amanda Linhares, que tinha um relacionamento amoroso com o delegado, ocorreu na manhã desta terça-feira (25), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), no bairro Santo Agostinho, na região centro-sul de Belo Horizonte. Essa foi a terceira vez que Geraldo Toledo não comparece.

Entenda o caso

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) ofereceu denúncia contra o delegado Geraldo do Toledo Neto no último dia 20.

Segundo o órgão de Justiça, Geraldo Toledo foi denunciado por homicídio duplamente qualificado por motivo torpe, dissimulação e fraude processual. Além dele, outras cinco pessoas, sendo três amigos, a advogada e a ex-namorada do delegado, também foram denunciadas por fraude processual. A advogada e a ex-namorada ainda irão responder por falso testemunho.

De acordo com a promotora de Justiça Luiza Helena Trócilo Fonseca, o inquérito policial apresenta indícios suficientes da autoria do crime e, além disso, o denunciado procurou impedir que a verdade aparecesse, obstruindo a produção de vestígios e provas.

— A vítima caiu em uma pérfida armadilha preparada de forma dolosa e finalística pelo denunciado, o que deixa efetivamente evidenciado a torpeza do motivo que resultou no lamentável e trágico crime.

Atualmente, Geraldo do Amaral Toledo Neto está preso na Casa de Custódia da Polícia Civil, que fica no bairro Horto, na região leste da capital mineira. Em nenhum momento, o delegado confessou o crime e ainda insiste na versão de que a ex-namorada teria atirado contra a própria cabeça.

A denúncia foi apresentada à Vara Criminal de Ouro Preto, bem como o pedido de desmembramento do processo em relação aos outros cinco réus. O próximo passo é o recebimento da denúncia pela Justiça, com a determinação do prazo de dez dias para o oferecimento de defesa preliminar e a análise sobre o desmembramento requerido.

O crime

O delegado teria atirado na adolescente Amanda Linhares durante uma briga na estrada que liga Ouro Preto a Lavras Novas, na região central de Minas. O crime ocorreu em abril deste ano.

Amanda, que foi baleada na região da cabeça, ficou internada por quase dois meses no Hospital Pronto-Socorro João 23, na capital mineira. Ela morreu na noite do dia 4 de junho, após sofrer uma parada cardiorrespiratória. O corpo foi enterrado no cemitério Nossa Senhora da Conceição, em Conselheiro Lafaiete.

Antecedentes

Geraldo Toledo ingressou como delegado na PC em julho de 2002. Ele também já responde a um Processo Administrativo na Corregedoria por suspeita de irregularidade no licenciamento de veículos, quando era titular da Delegacia de Trânsito em Betim. De acordo com a legislação, uma das penas previstas é a demissão do delegado.

Uma outra ocorrência, também de suspeita de irregularidade em licenciamento de veículo, resultou na prisão de Toledo, pela própria Polícia Civil, quando ele era delegado de Trânsito em São Joaquim de Bicas, em 2011. Esse caso caminha para abertura de um segundo processo administrativo na corregedoria.

Em 19 de março deste ano, Geraldo Toledo foi indiciado pela Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente por agressão. O inquérito já está na 13ª Vara Criminal. Essa ocorrência também pode culminar em outro procedimento na Corregedoria-Geral.

Atualmente, Geraldo Toledo é lotado na Delegacia Especializada de Atendimento à Pessoa Deficiente e Idoso, já que a lei lhe garante o direito de trabalhar e receber os vencimentos enquanto não for concluído qualquer processo em tramitação na Justiça e na Corregedoria da Polícia Civil.
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