A iniciativa do Poder Judiciário de Mato Grosso em ouvir a população de cada comarca do Estado acerca das melhorias para a segurança pública foi elogiada na última sexta-feira (3 de julho) no Fórum da Comarca de Várzea Grande. Durante todo o dia, autoridades municipais, representantes do Ministério Público, advogados, de associações de bairros, das Polícias Civil e Militar e da Guarda Municipal participaram da audiência pública que buscou levantar as sugestões da sociedade acerca das ações que espera do Poder Público na área da segurança. Os trabalhos foram coordenados pelo diretor do Foro, juiz Jones Gattass Dias.
A promotora de Justiça Sasenazy Soares Rocha Daufenbach salientou que os poderes devem investir em medidas preventivas e fazer sair do papel os planos. “Precisamos ver em ação, o que tanto se discute”. Já o comandante da Guarda Municipal de Várzea Grande, Rodrigo Alonso Lemes, acredita que a sociedade deve desenvolver a cultura da paz e que evitar problemas é a melhor solução para os casos de violência. “Com o Judiciário agindo preventivamente, as ações ficam mais fáceis“, afirmou.
Nos trabalhos desenvolvidos na audiência pública, os participantes foram divididos em cinco grupos, que discutiram e escolheram três princípios e ações para serem colocadas em prática. Cada grupo se reuniu por algumas vezes e debateu até entrar em consenso e levar para a votação o item que acreditava mais importante para a votação. A escolha foi feita por votação individual. “Cada um atribui uma nota que varia entre três, cinco e 10. É a maneira mais democrática para se saber o que a sociedade espera que as autoridades façam para amenizar os problemas“, afirmou o juiz diretor do Foro.
O presidente da Associação de Moradores do bairro Santa Izabel, na região do Asa Bela, Manoel Benedito de Amorim, ressaltou que as questões ligadas à violência e falta de estrutura nos bairros no que se refere à segurança, são muito debatidas no dia-a-dia da comunidade onde vive. “Temos feito campeonatos de futebol e conversado muito com os moradores. Esta é a primeira vez que nos ouvem, que nos perguntam o que achamos e de que forma podemos melhorar“, completou. Rosiane Silva é agente comunitária no bairro São Matheus e demonstrou a sua preocupação com a realidade nos bairros periféricos da cidade. “Cada pessoa tem uma história para contar sobre a violência. Mas acho que essa ação de se ouvir o povo vai dar certo”.
O relatório final da audiência pública da Comarca de Várzea Grande será encaminhado à Presidência do Tribunal de Justiça de Mato Grosso. Assim como todas as comarcas que desenvolvem essa iniciativa de ouvir a sociedade, as propostas serão levadas à Plenária Final do Poder Judiciário de Mato Grosso a ser realizada no próximo dia 24 de julho, na Escola dos Servidores, em Cuiabá, de onde sairá uma proposta final do Judiciário Estadual para ser apresentada, finalmente, durante a 1a Conferência Nacional de Segurança Pública (Conseg), em Brasília. “Esperamos mostrar um retrato fidedigno da situação em nosso município. Vamos contribuir bastante para a Plenária do Poder Judiciário“, finalizou o juiz Jones Gattass Dias.