O líder da oposição do Irã e candidato derrotado na eleição presidencial de 12 de junho, Mir Hossein Mousavi, anunciou que vai participar das orações de sexta-feira em Teerã, que serão dirigidas pelo ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani. A informação foi publicada no site oficial de Mousavi nesta quinta-feira.
"Sinto-me na obrigação de responder ao chamado de meus companheiros para defender o direito de viver livre de com nobreza, e nesta sexta-feira participarei da reza coletiva", diz o texto.
Se o opositor comparecer às tradicionais orações, será sua primeira aparição pública em várias semanas.
A oração será dirigida por Rafsanjani pela primeira vez em 50 dias.
O ex-presidente --um conservador pragmático que dirige duas instituições-chave do regime, -- apoiou Mousavi durante a eleição.
Inúmeros seguidores da oposição parecem decididos a participar nas orações em protesto pela reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad.
Preocupado com a possibilidade de o evento se transformar em uma demonstração de força da oposição, o ministro da Inteligência do Irã, Gholamhossein Mohseni-Ejei, disse à agência de notícias semi-oficial Fars que "a vigilante nação iraniana deve estar ciente que o sermão não deve se tornar uma arena para cenas indesejáveis".
Caos pós-eleitoral
Mousavi, que se apresentou como um reformista ligado aos princípios da Revolução Islâmica, denunciou uma suposta fraude a favor do atual presidente, Mahmoud Ahmadinejad, que foi reeleito com 62% dos votos.
Logo após a divulgação do resultado, milhares de pessoas saíram às ruas em manifestações que foram reprimidas com violência pelas forças de segurança.
A mídia estatal diz que ao menos 20 pessoas foram mortas durante confrontos entre manifestantes e a polícia, apoiada pela milícia religiosa Basij. Alguns ativistas de direitos humanos dizem que o número de mortes é maior.
As autoridades e Mousavi culpam um ao outro pelo derramamento de sangue.
O Conselho dos Guardiães do Irã, órgão responsável por ratificar o resultado do pleito, aceitou fazer uma recontagem parcial dos votos para acalmar a oposição, mas confirmou a reeleição de Ahmadinejad depois de afirmar que a fraude em cerca de 3 milhões de votos não era suficiente para mudar o resultado das urnas.
Mesmo assim, Mousavi --apoiado por diferentes grupos políticos e religiosos pró-reformistas no país-- pediu a seus seguidores que prossigam com os protestos, mas somente pela via legal.
A previsão é de que Ahmadinejad tome posse do cargo para o qual foi reeleito na primeira semana de agosto.