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Quinta-feira, 02 de maio de 2024

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prejudicada

Gripe suína e crise nocauteiam turismo em Cancún

Cerca de 20 turistas, a maioria norte-americanos vermelhos de sol, dançam macarena vestindo roupas de banho sobre um deck na Zona Hoteleira, a mais disputada de Cancún. A cena --e o ar despreocupado dos personagens-- é típica de um início de alta estação na costa mexicana. Foi presenciada em 2008. Em 2009, no entanto, o México passou de "terra da tequila" a epicentro.

Cerca de 20 turistas, a maioria norte-americanos vermelhos de sol, dançam macarena vestindo roupas de banho sobre um deck na Zona Hoteleira, a mais disputada de Cancún. A cena --e o ar despreocupado dos personagens-- é típica de um início de alta estação na costa mexicana. Foi presenciada em 2008.


Em 2009, no entanto, o México passou de "terra da tequila" a epicentro oficial da primeira pandemia do século. Centenas de mortos pelo mundo. Mais de 120 só no país. A mesma praia, visitada pela reportagem, aparece agora deserta de ponta a ponta, embora o sol esteja a pino e a cidade, mais uma vez às portas da alta estação.

Cancún, uma espécie de paraíso cafona, refúgio sobretudo para casais do hemisfério norte, enfrenta uma crise sem precedentes. Não apenas por conta do impacto que o vírus influenza A, chamado de H1N1, causou na imagem do México, mas também pela diminuição do poder de compra dos vizinhos EUA e Canadá.

Embora o balneário se esforce para tirar a doença de pauta (máscaras só permanecem aqui e ali, em restaurantes e no aeroporto), os números divulgados pela associação de hotéis são assustadores. Na comparação com o fluxo turístico do ano passado, Cancún chegou a calcular perdas de US$ 20 milhões a cada 5 dias. Em maio de 2008, 78% dos quartos de hotéis da região estavam ocupados. Na mesma época deste ano, a ocupação caiu para 15%. Resultado: 13 hotéis precisaram abortar seus serviços momentaneamente, durante o primeiro semestre deste ano.

Quem se arrisca a andar a pé pelo destino mais popular de Quintana Roo logo percebe as diferenças: as casas noturnas e bares continuam com som no último volume, mas boa parte está vazia. Os cartazes com imagens sedutoras de Chichén-Itzá e Cozumel convivem agora com outros pôsteres, que "convidam" todos a lavarem as mãos para evitar o contágio. 

Para a estudante de Viçosa (MG) Nayara Nadja Ramalho Silva, 19, que esteve em Cancún em abril, o maior impacto da gripe suína foi visto à noite. "Parece que o povo acha que a gripe só se pega à noite por lá. Chegamos a andar longas distâncias vendo poucas pessoas na rua ou mesmo nenhuma", relata.

Por outro lado, diz ela, "o preço dos convites nas boates estava bem mais em conta, em torno de US$ 20 a menos". O mesmo efeito pode ser visto nos preços de alguns hotéis e pacotes turísticos.

Segundo Rodrigo de la Peña, presidente da principal associação do setor hoteleiro Cancún, "os tempos são difíceis". "Mas estamos tentando mostrar que somos um destino livre de qualquer epidemia", diz. A entidade ressalta que não houve casos confirmados de contaminação na cidade, embora o Estado onde ela está localizada (Quintana Roo) já tenha registrado quase cem pessoas infectadas até agora.

Na esteira da ações que visam limpar o nome da cidade, Cancún recebeu no começo deste mês um fórum internacional sobre gripe suína. Nele, a diretora-geral da OMS (Organização Mundial de Saúde), Margaret Chan, afirmou que restrições a viagens a países afetados "não têm propósito". "Isso não protege o público, não contém o surto, e não previne a dispersão internacional da doença", disse.

Para quem gosta de ir contra a corrente turística, a Folha Online separou dez dicas para melhor aproveitar Cancún e suas cercanias. Confira:

O melhor

Chichén-Itzá

Ir até Cancún e não visitar uma das sete novas maravilhas do mundo está fora de cogitação. Além da grandiosa pirâmide, cartão-postal do México, o passeio é repleto de curiosidades sobre os povos maias. Só evite comprar lembrancinhas nas proximidades do parque --são muito mais caras ali do que no resto da cidade.

Cenote

Pouco divulgados aos turistas, os cenotes abertos para mergulho são a melhor opção para quem não simpatiza com a ideia de nadar com golfinhos (outro programa bastante popular em Cancún), mas gosta de água fresca e cristalina para relaxar. Parecem cavernas verticais, lagos profundos. Os povos que viviam no Yucatán acreditavam estar diante de caminhos para o mundo dos mortos.

Casa noturna

Imagine um lugar com covers de super-heróis e astros do rock dançando madrugada adentro ao seu lado (e sobre a sua cabeça, puxados por cordas no teto). Se não for o bastante, some a isso números de malabarismo à la Cirque du Soleil. Essa é a dinâmica do Coco Bongo, um dos poucos locais apinhados de gente, mesmo após o surto de gripe suína.

Deslocamento

A Zona Hoteleira oferece ônibus 24 horas. Se deslocar de um hotel para a rua dos bares e danceterias também é possível à pé, dependendo do ânimo do visitante. Quando desembarcar no aeroporto, não vá direto para dentro dos táxis. Viajar de ônibus até a sua hospedagem pode sair de US$ 40 a US$ 50 mais barato.

Mar

Azul turquesa, azul marinho, azul royal, azul esverdeado... o debate acerca da cor do mar de Cancún costuma tomar horas e mais horas da viagem. Aproveite.

O pior

Casa noturna

O Señor Frogs tenta ser, ao mesmo tempo, um restaurante, uma boate e uma grife de turismo. Embora a comida seja boa, é de difícil digestão. Enquanto você está tentando comer, há sempre um animador de festa gritando no palco frases como: "Agora fiquem todos em cima das cadeiras".

Visto

Até junho do ano passado, tirar visto no Consulado do México em São Paulo era uma tarefa infernal. À época, a reportagem precisou voltar três vezes no consulado para consegui-lo. De lá para cá, mudanças foram implementadas. O procedimento está bem mais rápido e, com a documentação completa, já é possível tirar o visto em um dia. Ainda que o atendimento não seja dos mais afáveis.

Moeda

A praxe de quem viaja para o balneário é levar dólares, que são aceitos em praticamente todos os estabelecimentos. O único problema é que são poucos os lugares que dão troco na mesma moeda. É inevitável voltar para casa cheio de pesos mexicanos.

Ruínas menores

Se você quer conhecer ruínas arqueológicas, não caia na armadilha de se contentar com as menores que ficam dentro de Cancún, como El Rey. São pura perda de tempo para quem já tem no roteiro Chichén-Itzá ou Tulum.

Muito turístico

Há quem não goste de viajar para lugares extremamente turísticos. Cancún recebe 3 milhões deles por ano. Na Zona Hoteleira, o maior desafio é achar um mexicano que esteja a passeio: todos estão trabalhando. Quem prefere se hospedar em um lugar mais mexicano, menos turístico, pode ir ao centro da cidade --mais barato e sem o menor luxo.
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