O ex-governador Silval Barbosa (PMDB) sabia, desde abril de 2013, que as obras de implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) não ficariam prontas a tempo da Copa do Mundo de 2014. De acordo com a auditoria feita pelo Gabinete de Projetos Estratégicos, apresentada nesta segunda-feira (09), diversos erros foram apontados desde o início do projeto do novo modal. “A Secopa tem sido exaustivamente lembrada pela Gerenciadora sobre o grave problema”, relatou a empresa Planservi/Sondotécnica, responsável por fiscalizar os serviços.
Leia mais:
Ausência de projetos e má qualidade comprometem segurança e custo de obras na Grande Cuiabá
No primeiro relatório entregue pela Planservi/Sondotécnica, responsável por fiscalizar as obras do VLT, em abril de 2013, o ex-governador foi avisado dos problemas: “O avanço geral da implantação do empreendimento do VLT Cuiabá encontra-se muito abaixo do previsto no cronograma do próprio Consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande, apresentado em sua proposta técnica”.
Um dos problemas apontados no início, era a ausência ou insuficiência dos projetos para o correto desenvolvimento das obras. Ainda na época, foi dito que sem estes documentos não havia como garantir a qualidade e até a segurança das obras executadas. Além disto, o cronograma também estava “completamente desatualizado”, segundo o relatório apresentado pelo Governo do Estado.
Em maio de 2013, a Planservi/Sondotécnica voltou a constatar os atrasos e sugeriu que todos os trabalhos fossem acelerados. Além disto, também foi indicado que outras frentes deveriam ser iniciadas o quanto antes. Até o mesmo período, só 7% (aproximadamente) do total das obras haviam sido executados. Sendo assim, concluir os trabalhos seria “uma tarefa bastante difícil”.
Já em junho do mesmo ano, foram constatados “erros grosseiros de construção. Note-se que tais equívocos não estão ocorrendo sequer em decorrência de pressão de prazo, já que a velocidade das obras está bastante baixa”, dizia trecho do documento, que também ressaltou que “em relatórios anteriores e em diversos ofícios, a Secopa tem sido exaustivamente lembrada pela Gerenciadora sobre o grave problema”.
“Projetando-se a evolução do empreendimento com base na velocidade atual da implantação, pode-se dizer que o Consórcio Implantador nem de perto conseguirá cumprir o prazo contratual”, voltou a alertar a Planservi/Sondotécnica. Que ainda acrescentou: “Ao se fazer tal projeção para quatro anos após o início dos trabalhos, estimou-se que terão sido executados somente 22% dos serviços até aquela data. Estamos falando de junho de 2016”.
A empresa apontava ainda problemas nos projetos de geometria e falta de detalhes em nível de projeto executivo, o que poderia gerar erros de execução, que foi o que aconteceu. Além disto, as normas das ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) não foram atendidas. Vale ressaltar que os projetos básicos e executivos custaram R$ 31 milhões aos cofres públicos.
Foram apontados erros em diversas obras. Na trincheira do Zero Km, em Várzea Grande, foi identificado o desaprumo de estacas hélice, enquanto que no viaduto do Aeroporto, havia falha na execução das formas do pilar 6, ocasionando desnivelamento desaprumo do pilar (
confira as imagens na galeria).
Em dezembro de 2013, 30 meses após data inicial do cronograma do Consórcio VLT, apenas cerca de 64,6% da implantação (em valor) havia sido executada. Os projetos executivos continuavam falhos ou ausentes. Também foi ressaltado que 16,60% dos projetos básicos e 17,20% dos projetos executivos não foram aprovados e a maioria deles foram aprovados com restrições.
Constava no documento que nem todas as deficiências de qualidade apontadas foram tratadas da maneira correta pela construtora. Por fim, foi denunciado que a obra de reparo do viaduto da Sefaz começou sem a apresentação de um projeto para análise. É citado pela Planservi/Sondotécnica, no dia 15 de dezembro de 2013, que “até a presente data não foram apresentados oficialmente os projetos de reestruturação do viaduto da Sefaz para análise desta Gerenciadora”.
Promessa
O governador Pedro Taques (PDT) prometeu se empenhar para conseguir finalizar as obras de implantação do VLT. Porém, também demonstrou que esta tarega não será fácil e garantiu que "os responsáveis pelos ilícitos irão pagar pelo que fizeram". Por fim, ainda argumentou que não poderá 'cumprir a missão' sozinho: "Precisaria de ajuda de todos, Assembleia Legislativa (ALMT), órgãos fiscalizadores e, principalmente, da população. Nós vmaos terminar estas obras".