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Quinta-feira, 18 de julho de 2024

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Manual do bixo' incentiva violência e consumo de bebida alcoólica na USP

Um manual supostamente produzido por veteranos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), campus da USP em Piracicaba (SP), com conteúdo discriminatório e ofensivo estava sendo vendido dentro da instituição aos calouros até essa terça-feira (10). Frases como "Bixo NÃO ACHA nada; Doutor NUNCA foi bixo; Bixo NUNCA será doutor" compõem o livreto, que teve o conteúdo denunciado à diretoria da universidade.


O professor doutor Antonio Ribeiro de Almeida Junior, que constatou a venda, pediu a instalação de uma sindicância para identificar os responsáveis pela publicação. "Como pode, em um espaço onde o debate e a liberdade de expressão devem ser incentivadas, um estudante ser impedido de ter uma opinião e dizer o que pensa?", questionou. A Esalq afirmou, nesta quarta-feira (11), que abriu a sindicância para apurar o caso. (Confira abaixo trechos da publicação).

O material, que integra um "Kit Bixo" vendido por R$ 80, também dá direito a dois ingressos para a "Maratoma", uma competição entre os alunos para ver quem consegue ingerir mais bedida alcoólica. "Eu tive acesso ao manual depois de receber denúncias de alunos que também ficaram indignados com o conteúdo. Isso é uma apologia ao consumo exagerado de álcool", relatou Almeida Junior.

O pesquisador da USP destacou que na página 99 do manual, o convite aos calouros para integrar a Torcida Baixaria Luiz de Queiroz (To.Ba.LQ) da atlética da universidade traz palavras agressivas, insultos e incentiva o sexo sem camisinha. O texto diz: "Com o intuito de incentivar nossos atletas, beber e ofender pessoas, a bateria mais antiga do Brasil, a To.Ba.LQ, tem o imenso (des) prazer em recebê-los em nosso seleto grupo de (des) ritmistas, vikings e (...). Aqui o único pré-requisito é a baixaria!".

O G1 teve acesso à publicação assinada pelo Centro Acadêmico Luiz de Queiroz (Calq) e pela Comissão de Integração 2015 (CI). O manual apresenta também páginas de publicidade de empresas, como banco e copiadoras, bares e restaurantes, além de informações sobre grupos de pesquisa oficiais da Esalq com citações de nomes de docentes da universidade. "Esse é um dos motivos pelos quais solicitei a sindicância, para ver se os professores mencionados tinham conhecimento do conteúdo do material e se apoiam ou repudiam o que tem nele", afirmou Almeida Junior.

Esalq
A assessoria de imprensa da Esalq informou que a diretoria da universidade tomou conhecimento da existência da referida publicação, mas que não patrocinou e não esteve envolvida com a produção editorial e gráfica do texto, nem autorizou sua publicação.

A direção da instituição afirmou ainda que, depois da denúncia, deu início ao procedimento de sindicância.

A Esalq também explicou que a Comissão de Integração que assinou o manual não pertence à universidade, mas ao próprio Centro Acadêmico, que realizou a Semana de Recepção de Calouros.

Já o Centro Acadêmico publicou uma nota de esclarecimento sobre o manual do "Bixo 2015" na página do grupo em que se isenta da responsabilidade pelo livreto e afirma ter divergências com  o conteúdo. O Calq informou ainda que a Comissão de Integração é uma autarquia do Centro Acadêmico. A Comissão de Integração ainda não se manifestou sobre o assunto.
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