Em carta enviada para a página Jacarepaguá Notícias no Facebook, Raphael Assis Duarte Belo, de 41 anos, suspeito de participar do estupro coletivo de uma adolescente de 16 anos, conta qual a sua versão para a noite onde o crime ocorreu. A carta foi mandada por intermédio da ex-cunhada de Raphael, Danielle Martins, de 42 anos, que afirma que sua família e a do suspeito são próximas e se conhecem há 20 anos. Ele se entregou à Polícia Civil na manhã desta quarta-feira (1º).

Raphael aparece em uma foto fazendo selfie com a jovem desacordada na cama, na madrugada do último dia 21. Na versão da carta, porém, ele nega que tenha estuprado a menor.

“Ao chegar em um beco, à direita, estava a casa abandonada, aberta, toda suja, fedendo a fezes e com uma mulher nua. Um rapaz que estva perto, por apelido de Jefinho, não o conheço, falou: ‘Tem uma mulher aí que não quer ir embora, tá desde o dia do baile’. Olhamos e entramos os três, ficamos entre a sala e o quarto, ela estava deitada, nua, muito suja e com os cabelos embolados; Parecia uma cracuda ou mendiga. O Raí puxou o celular e começou a gravar, ela começou a se mexer e acordar, aí paramos e fomos embora, não ficamos mais que o tempo da gravação na casa, o chuveiro estava aberto, o vizinho da casa de baixo subiu e falou que estava pingando na casa dele, eu respondi: ‘Entrei agora e já estou saindo”, contou o suspeito.

A versão apontada por Raphael contradiz a de Raí, que se entregou à polícia na última segunda-feira (30). Nela, ele afirma que quem filmou a jovem nua foi Jefferson, que seria traficante no Morro do Barão.

O suspeito contou ainda que se arrepende de ter participado da filmagem e nega que tenha participado de qualquer forma de sexo com a jovem.

“Sei que não se deve zombar de uma pessoa naquele estado, errei, mais [sic] sou uma pessoa normal, passivo de erros”, relatou Raphael.

O suspeito alegou que socorreu a menor depois da filmagem, e a ajudou a voltar para casa.

“Na quarta-feira, dia 25, na hora do almoço, parei para comer uma quentinha na esquina da Rua Baronesa com Brício de Abreu, na porta do serralheiro, quando estava comendo, parou um carro HB 20, e deixou uma mulher desacordada na calçada onde eu estava”, afirmou ele sobre o reencontro com a adolescente.

Raphael explicou ainda que teria colocado a menor no seu carro e a levou para a porta do prédio onde ele mora. O suspeito a deixou dentro do carro e, algum tempo depois, voltou a perguntou a ela se gostaria de ir para casa, mas ela disse que tentaria recuperar o telefone celular.

“Quando começou a chover, voltei para o carro, que estava todo embaçado, e com cheiro de azedo, pois ela havia vomitado um pouco, perguntei a ela se queria ir para casa, ela disse que queria ficar, porque ia recuperar o seu celular que foi roubado, e que já tinha falado com o responsável do tráfico para ele tentar achar na comunidade”, contou Raphael.

Ele contou ainda que a menor pediu para descansar mais um pouco e ele a levou para a casa dele. Lá, o suspeito teria feito um lanche com pão e queijo, além de um copo de achocolatado, que ela teria derramado a metade. Disse que precisava ir trabalhar e depois voltaria.

Ao retornar, a adolescente teria vomitado os dois lados da cama dele, além de si mesma. Raphael disse que a teria levado para tomar banho, mas não a ajudou e nem teve contato nenhum com ela.

“Ao sair do banho, ela estava tremendo muito, ela deitou na cama e eu cobri ela [sic]  com edredon, ela olhou para mim e falou que eu salvei a vida dela e que nunca mais iria usar loló, agradeceu e pediu novamente desculpas pela sujeira que tinha feito; Eu limpei a sujeira que ela tinha feito, e deixei uma bacia com ela, caso quisesse vomitar novamente”, contou o suspeito.

Raphael explicou ainda que, quando voltou para trabalhar, as pessoas começaram a mostrar a foto dele na internet e a olhá-lo de maneira estranha. O telefone dele começou a tocar e a receber mensagens de pessoas falando sobre a divulgação do vídeo na internet. Além disso, uma pessoa o teria parado na rua e o chamado de tarado.

“Voltei para casa correndo, devia ser umas 19:00, acordei ela [sic] muito nervoso, perguntei a idade dela, ela me disse 16 mais [sic] que já tinha filho, eu disse a ela que isso não importava e que ela continuava sendo de menor [sic]. Fiz ela [sic] me dar o endereço dela e levei ela [sic] para casa”, contou o suspeito no relato de sua versão dos fatos.

Suposto encontro com família
Ele disse que, ao chegar ao prédio, pediu para chamar a família da jovem e se encontrou com o pai, a mãe e a avó da adolescente e que contou sua versão dos fatos e que teria tirado uma foto ao lado da menina nua. Raphael é o suspeito que mostra o rosto no vídeo, ao mostrar a língua para a câmera.

“Contei tudo o que aconteceu, inclusive que no domingo havia tirado uma foto ao lado das nádegas dela, mais [sic] que não sabia se era a mesma pessoa, porque a dias atraz [sic], estava muito suja parecendo uma cracuda ou mendiga por causa do estado que se encontrava. Os pais dela me confirmaram que ela chegou em casa muito suja, cabelos despenteados, com roupas de homem e que havia perdido celular, bolsa e roupas. Pedi desculpas pelo que havia feito e falei com o telefone da avó, com alguém de uma ONG”, relatou Raphael.

O suspeito encerra a carta afirmando que tem consciência de que cometeu um erro ao zombar de um ser humano naquele estado, mas nega ser estuprador. Afirma que chegou a sair do Rio de Janeiro por medo, mas que via que o caso continuava a ser a notícia principal de todos os veículos de comunicação. Por fim, Raphael pede desculpas a todos, especialmente as mulheres e fala sobre sua decisão de se entregar.

“Agora que a minha prisão foi decretada, resolvi voltar e me entregar, não ia conseguir viver fugindo, ainda mais por algo que não fiz, não transei com ela, não fiz sexo oral com ela, se houve algo deste tipo eu não vi e nem participei”, encerrou o depoimento.