Os observadores da União Europeia (UE) no Afeganistão apontaram irregularidades nas fichas de registro dos eleitores para a votação presidencial da próxima quinta-feira (20) que podem resultar em fraudes. A declaração foi feita nesta terça-feira pelo porta-voz da Comissão Europeia, o órgão executivo da UE, John Clancy.

"Os analistas europeus têm consciência de irregularidades no processo de registro, em particular na distribuição dos títulos eleitorais das mulheres", declarou.

"Isto cria um potencial para a fraude, mas é importante ver o que acontecerá no dia das eleições."

Clancy recordou que os observadores europeus não podem interferir no processo eleitoral, mas examinarão de perto o que acontece. Ele também disse que o relatório europeu sobre o processo eleitoral será divulgado publicamente.

A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) também declarou nesta terça-feira que as eleições afegãs estão ameaçadas pela abstenção, violência, fraudes e intimidações dos eleitores.

Violência

Nesta terça-feira, pelo menos 19 civis ou militares afegãos ou estrangeiros foram mortos em quatro ataques ocorridos em diferentes regiões do Afeganistão, a apenas dois dias antes das eleições presidencial e provinciais. O caso mais grave foi um ataque de carro-bomba contra um comboio militar ocidental que matou ao menos sete pessoas na Jalalabad Road, a principal via da região leste da capital Cabul.

Dois americanos foram mortos por uma bomba que explodiu à beira de uma estrada no leste do país. Outras três pessoas ficaram feridas. Na região sul, na Província de Uruzgan, considerada bastião do movimento fundamentalista islâmico Taleban, um homem-bomba atacou uma base militar e matou três soldados e dois civis, segundo informações do chefe de polícia local.

Em Badakhshan, outra bomba plantada à beira de uma estrada matou quatro pessoas das quais três eram funcionárias da Comissão Eleitoral Independente (IEC, na sigla em inglês), entidade que é responsável pela organização e realização do pleito. O grupo transportava materiais para a votação no distrito de Argu, a nordeste da Província, quando a explosão aconteceu, segundo informações do policial Abdul Jabar.

Em Jowzjan, homens armados mataram um candidato ao Conselho Provincial, no distrito de Murdian, norte da Província, no final da noite desta segunda-feira.

Na Província de Kunduz, porém, três insurgentes morreram e dois ficaram feridos durante confronto com policiais, durante a madrugada.

Em resposta à mais recente escalada de violência no país, a Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf) anunciou que, no dia das eleições, seus 64,5 mil homens ficarão concentrados em proteger os eleitores e não farão nenhuma operação especial. Segundo o governo afegão, cerca de 12% dos 7.000 locais de votação poderão ficar fechados, por questões de segurança.