Um juiz do Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (TPII) rejeitou nesta terça-feira um pedido do ex-líder sérvio-bósnio Radovan Karadzic para conseguir mais tempo para preparar sua defesa e ordenou que o julgamento por crimes de guerra contra ele deve começar no próximo mês.

Karadzic, que liderou os sérvios bósnios durante uma brutal guerra étnica no início de 1990, pediu por mais 10 meses para poder analisar os "milhões" de documentos e centenas de testemunhas reunidos pela promotoria.

Assim como fez o ex-presidente iugoslavo Slobodan Milosevic, que morreu durante o processo no TPII, Karadzic tenta de tudo para retardar o julgamento e, assim, além de insistir em fazer sua própria defesa, apresentou à Corte várias moções e reivindicações.

O juiz O-Gon Kwon não concedeu o adiamento pedido por Karadzic, mas instruiu os promotores a fazer mais cortes nos processos de seus casos contra Karadzic. O magistrado propôs o dia 19 de outubro como data de início do julgamento, pressupondo que todos os trâmites pendentes estejam resolvidos até lá, e agendou outra conferência pré-julgamento em 6 de outubro.

O julgamento, que segundo Kwon deve durar dois anos e meio, ou até três anos, ocorrerá no Tribunal de Crimes Internacionais em Haia.

Karadzic, a figura mais proeminente sendo processada por crimes durante a guerra da Bósnia (1992-95), e o general Ratko Mladic, que ainda está foragido, enfrentam acusações de genocídio devido ao cerco de 43 meses a Sarajevo e ao massacre de Srebrenica de 1995, no qual 8.000 muçulmanos morreram, no que é considerado o pior massacre na Europa desde a Segunda Guerra (1939-1945).

O ex-líder sérvio-bósnio permaneceu 12 anos foragido antes de ser preso, em julho de 2008, em Belgrado, onde vivia disfarçado com cabelos e barba longos e brancos, trabalhando como especialista em medicina alternativa.