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Terça-feira, 16 de julho de 2024

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Operação Arrego

MP pede absolvição de Arcanjo e de outros acusados no jogo do bicho

Foto: Diário de Cuiabá

João Arcanjo Ribeiro

João Arcanjo Ribeiro

O Ministério Público Estadual emitiu parecer pedindo a absolvição do bicheiro João Arcanjo Ribeiro, acusado de liderar o crime organizado em Mato Grosso, no processo que responde por formação de quadrilha e corrupção ativa na denúncia feita durante a Operação “Arrego”.


O pedido também serve para o genro de Arcanjo, Geovane Zem Rodrigues, Agnaldo Gomes Azevedo e o policial militar Eronildes Jardim de França, que figuram como réus na ação e são acusados de envolvimento no esquema de jogo do bicho no Estado.

A operação foi deflagrada em 16 de outubro de 2007 pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), na tentativa de impedir a jogatina. O processo está na 15º Vara Criminal de Cuiabá e se refere a denúncia feita em Tangará da Serra.

Conforme o Gaeco, Geovane é acusado de cumprir ordens de Arcanjo e de comandar o jogo do bicho, sendo que Agnaldo é acusado de ser um dos principais gerentes da jogatina e também de intermediar acertos com policiais. Já o PM Eronildes, solicitava dinheiro da organização para manter o jogo em Tangará da Serra.

O promotor Sérgio Silva Costa alega que o policial militar teria ligado para Agnaldo e pedido o valor de R$230. O dinheiro, de acordo com diálogos telefônicos interceptados pelo Gaeco, seria para a compra de piso e utilizados na construção de uma garagem. Em troca, Eronildes resguardaria o jogo do bicho na região por ser policial. “Inegável, portanto, que o aduzido réu, valendo-se de sua função pública, solicitou indevida vantagem a Agnaldo Gomes de Azevedo incidindo assim a prática de corrupção passiva”, consta da denúncia.

Dessa forma, o promotor pede a absolvição dos crimes de corrupção passiva e formação de quadrilha contra Arcanjo, Zem e Agnaldo. Mas pede a condenação do policial pela prática de corrupção passiva, prevista no artigo 317 do Código Penal, e que caracteriza “solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem”. A pena é dois a 12 anos e o pedido foi protocolado no dia 24 de julho.

Diálogo

Eronildes telefona para Agnaldo e, se valendo da função de policial, pede dinheiro:

Agnaldo: alô.
França: oi, é o Agnaldo?
Agnaldo: isso.
França: é he, e o policial daquele dia converso contigo. Falo que se precisasse de alguma coisa do ce, podia liga pro ce.
Agnaldo: oh! Quem o França ou (...)
França: o França.
Agnaldo: França, o meu jovem, tudo bem?
França: beleza, tranqüilo?
Agnaldo: jóia!
França: Olha eu to, to com Adão aqui ai eu pedi o número seu.
Agnaldo: hum.
França: Pra vê uma correria, pelo seguinte: eu to fazendo um, porque meu “rerbinho” ta pro lado de fora né.
Agnaldo: hum.
França: ai eu to mexendo numa área lá, i ta faltando um, um piso da área, da li do (...) fico em R$ 230.
Agnaldo: hum.
França: ai eu falei, vo liga pro guri lá, e vê o que ele pode me ajuda né.
Agnaldo: hum (...)
França: o que ce pode vê hein? Então to com Adão aqui.
Agnaldo: Não, não! Tranqüilo meu jovem, independente aí (...), precisa da gente pode da um, né.
França: ah ta!
Agnaldo: eu, eu vo, fala com outro menino ai.
França: hã.
Agnaldo: e mando ele passa pro ce.
França: ah beleza. Ai ce, ce pode fala pra ele liga nesse numero ai, ai ce nota esse numero ai.
Agnaldo: beleza. Ta, eu vou (...) esse aqui comigo, hora que ce precisa, ce da um toque aí pra nós”.

No mesmo dia, Eronildes cobra de Agnaldo o pagamento:

“Agnaldo: oi.
França: oi, quem?
Agnaldo: Agnaldo.
França: Ag...é França
Agnaldo: Fala meu jovem
França: e ae?
Agnaldo: então, eu falei pro menino, ele vai passa pro Adão depois.
França: hã.
Agnaldo: seguinte, eu vo libera R$ 100 pra você hoje.
França: como que é?
Agnaldo: te libero R$ 100 hoje e mês que vem mais R$ 100.
França: beleza”.

Segundo o MP, o citado Adão nos diálogos, era recolhedor de apostas do jogo do bicho na cidade.

Investigação

A operação "Arrego" foi a responsável pela transferência de João Arcanjo para a penitenciária federal de Segurança Máxima de Campo Grande (MS), após a verificação de que ele continuava a chefiar o jogo do bicho de dentro da Penitenciária Central de Cuiabá, antiga Pascoal Ramos. Na época, 17 pessoas tiveram a prisão decretada pelo juiz da 15º Vara Criminal, José Arimatéia Neves Costa, entre policiais civis, militares e delegados.

O magistrado também determinou que o todos os processos da operação fossem unificados. Houve denúncias do Gaeco em Cláudia, Sinop, Tangará da Serra e três em Cuiabá, regiões onde a organização estaria atuando.

Sentença

Depois de quase dois, os processos já estão em fase de conclusão. Em entrevista ao site Olhar Direto o juiz Arimatéia disse que as ações estão nas alegações finais e deverá sentenciar até o final deste mês, após retornar das férias.

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