O comitê paulista da Copa-2014 adotou discurso diplomático após o presidente da Fifa, Joseph Blatter, ter dito durante visita ao Rio que o Morumbi não teria condições de recepcionar o jogo de abertura e tampouco a semifinal do Mundial.
A nova atitude contrasta com manifestações passadas, quando críticas de Jérôme Valcke fizeram com que o secretário-geral da Fifa fosse acusado, por dirigentes ligados ao comitê, de estar envolvido com empreiteiras, e de que falava do estádio sem nunca ter estado no Morumbi.
Durante evento de apresentação do comitê paulista, ontem, o presidente da São Paulo Turismo, Caio de Carvalho, deu razão à preocupação da Fifa.
"A Fifa tem o direito de exigir [condições para quem queira receber a partida de abertura]. Afinal é um evento importante. Trata-se do cartão de visita do Mundial, por isso a Fifa quer o melhor", definiu o dirigente.
O presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, preocupou-se com a impressão de que o evento de ontem parecesse uma resposta à crítica de Blatter, segundo a reportagem apurou. Mas se tranquilizou ao saber que os convites foram feitos semana passada, antes de Blatter ter desembarcado no país.
"Com ou sem abertura da Copa, o compromisso do São Paulo é o de que as obras irão acontecer", disse Adalberto Baptista, diretor de marketing são-paulino, ao reconhecer a chance de a primeira partida do Mundial ser em outro local.
"Até porque não daria para ficar esperando até 2011, quando será definido onde a abertura ocorrerá, para só então tomar decisões quanto à reforma do Morumbi", complementou.
O corpo técnico do projeto acompanhou o discurso conciliador dos dirigentes ao defender diálogo regular com a Fifa. "O processo de atender às exigências da Fifa não é estático, é dinâmico", disse Ralf Amann, arquiteto da firma alemã GMP, responsável pelo projeto do Morumbi e por estádios na Alemanha-06 e África do Sul-10.
"O processo é de ida e volta. Na África, ainda há exigências, a menos de um ano da Copa."
Por fim, Carvalho comparou a situação atual com a anterior do estádio na discussão da Copa. "No começo, São Paulo e o Morumbi estavam vetados. Mudou. Agora a gente tem que se adaptar. Melhorou, e tem muita coisa por acontecer."
O comitê paulista mostrou ontem à mídia um projeto com respostas à grande parte das exigências da Fifa, com um centro de imprensa, área para convidados e VIPs, novos vestiários e acessos ao gramado.
Durante o evento o Morumbi, o estádio paulistano, por ser antigo, foi comparado por diversas vezes com o estádio de Berlim, usado na Copa-2006.