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Quinta-feira, 02 de maio de 2024

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Após fracasso, governo quer estender buscas no Araguaia

Depois de gastar três meses e R$ 2,4 milhões na busca de ossadas de guerrilheiros do Araguaia sem conseguir achar nada, o governo federal já diz que é necessário prorrogar as operações até o ano que vem.


A intenção foi anunciada ontem durante a visita dos ministros Nelson Jobim (Defesa) e Paulo Vannuchi (Direitos Humanos) ao grupo de geólogos, legistas e antropólogos responsáveis pelos escavações, na região de Marabá (PA).

A visita à área ocorreu na reta final das buscas, que têm, segundo decisão judicial, até o dia 31 deste mês para localizar os restos mortais daqueles que participaram do foco comunista criado há 37 anos para combater a ditadura militar.

Ao final do prazo, a Justiça poderá ordenar a prorrogação. De qualquer maneira, o Ministério Público Federal já disse que pedirá essa extensão. A ação só deve recomeçar quando acabar o período de chuvas na região, em abril de 2010.

Até agora, os mais de 60 homens que participam das operações visitaram 13 áreas, nas quais foram feitos 36 buracos --indicados por mateiros, moradores locais e militares que participaram da repressão à guerrilha. No total, pesquisou-se aproximadamente 28 mil m§§2§§.

O maior problema enfrentado, além da incerteza sobre os locais dos sepultamentos, é a ação do tempo sobre os corpos, que podem ter se deteriorado completamente, mesmo que tenham sido enterrados.

Segundo Jobim e Vannuchi, que fazem parte de um comitê que acompanha o grupo e ontem estiveram pela primeira vez em pontos de escavações, o fracasso não deve inibir a continuidade dos trabalhos.

"Os atos [que serão] desenvolvidos não podem ser influenciados pelos atos anteriores", disse Jobim, em uma tenda improvisada na fazenda Bacaba, que foi uma base mantida pelo Exército à época e onde supostamente diversas pessoas foram enterradas.

Apesar da confiança da população local no grupo estar aumentando gradativamente, o que tem melhorado a qualidade das dicas dadas, alguns membros do comitê acreditam que resultados mais contundentes só virão com o depoimento maciço de militares envolvidos na última fase do conflito --o que o MPF já havia dito no início dos trabalhos.

Vannuchi concorda, mas acha que isso deve ocorrer por meio do diálogo, e não de medidas judiciais. "Tenho recebido diversos grupos que me dizem que é preciso obrigar [militares a falar]. Mas como você obriga alguém a falar? No pau-de-arara, com choque elétrico, com afogamento? Na democracia, nós temos que fazer o convencimento", afirmou.

Hoje, quatro militares estão intimados a contar o que sabem --dentre eles, Sebastião Curió, que participou do combate ao foco. Ele deve prestar depoimento ainda neste mês.

As buscas testemunhadas pelos dois ministros ontem não chegaram a nada. Na primeira, em uma área chamada Mutuma, em São Geraldo do Araguaia (PA), o grupo tinha "indicações precisas" de onde estaria a ossada de Rosalindo de Sousa, o "Mundico", mas ela não foi encontrada.

Na segunda, a fazenda Bacaba, peritos apontaram o local onde poderia estar uma ossada, que só começou a ser cavado quando Jobim se aproximou para ver. Ao fim da escavação, descobriu-se apenas uma raiz.
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