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Domingo, 28 de abril de 2024

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16º Festival de Cinema movimenta economia local apesar da crise

Apesar da crise financeira mundial e da falta de uma política cultural eficiente por parte do poder público, graças aos esforços dos artistas e da classe, o mercado cultural mato-grossense em 2009 não parou. A realização do 16º Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá, que neste ano ocorre no Cine Teatro Cuiabá até dia 11 é um exemplo desta superação. Isso porque, além de agitar a cena audiovisual levando cultura à população, o evento movimenta a economia, em especial a rede hoteleira, setores de alimentação e transporte, e outros como Correios e gráficas.


De acordo com a captadora do projeto do Festival, Cybelle Bussiki, devido ao pouco investimento, o evento teve de sofrer adaptações e está sendo realizado com menos da metade do orçamento de 2008. Também foi o menor valor dos últimos cinco anos, não passando de R$ 300 mil. Essa falta de recursos causou uma série de problemas à organização, que se viu obrigada a reduzir custos. Mesmo assim, não repassou esse ônus à sociedade e continua mantendo a gratuidade.

“Há muitos anos não fazemos com um valor tão baixo, o que nos impediu de realizar uma série de atividades que foram contempladas em outros anos. As oficinas, por exemplo, que normalmente oferecemos três, este ano se resume a apenas uma. Inclusive tivemos uma baixa na qualidade dos impressos, não pudemos fazer um receptivo adequado como gostaríamos e tivemos que trabalhar com mão-de-obra menos qualificada”, revela.

Segundo a produtora cultural, que também é vice-presidente do Instituto Cultural América (Inca), entidade realizadora do Festival, pelo menos 20 pessoas deixaram de ser contratadas para trabalhar no evento em 2009, devido à falta de recursos financeiros. No ano passado, 60 profissionais foram contratados diretamente e outros 200 empregos indiretos foram criados.

“Esse pessoal faz falta na hora de prepararmos uma boa organização. Nesta edição, só conseguimos contratar profissionais mais gabaritados para a linha de frente do evento, mas a maior parte são estagiários ou jovens recém formados, o que por outro lado é bom, uma vez que o Festival é hoje a grande escola cinematográfica do Estado e estamos formando novos profissionais para o mercado cultural”, pondera.

Inclusive, ela ressalta que a prefeitura de Cuiabá não apoiou a realização desta edição do Festival o que obrigou a direção do evento, a levar os convidados nacionais a serem hospedados em Chapada dos Guimarães. Além do que, foram obrigados a reduzir custos, com passagens e alimentação e ainda assim o Festival movimentou esses setores, criando empregos indiretos.

“O Governo precisa entender que cada vez que incentiva a cultura, parte do recurso volta para ele mesmo, seja em forma de impostos municipais, estaduais ou federais. Do orçamento de R$ 300 mil, cerca de R$ 63 mil volta ao poder público. A cultura é sim um grande negócio”, salienta.

Esperança - Todavia, Cybelle acredita que há uma luz no fim do túnel, com a conquista de novos parceiros, caso da Eletronorte, que pela primeira vez apóia o Festival e tende também a apoiar outros projetos culturais e de responsabilidade social. Para a produtora, independente das dificuldades, o Inca manteve a qualidade técnica do Festival e também continua tocando seus projetos culturais, que também são de responsabilidade social e tiveram continuidade.

É o caso do Cinema Escola que abre uma janela no Festival para contemplar estudantes de escolas públicas dentro do Cine Teatro; o Adecines (Agentes para o Desenvolvimento do Cinema nas Escolas), que tem uma parceria com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e projeta um circuito de filmes em 20 escolas estaduais; e também o Cinema Paradiso, que leva a sétima arte até locais onde abrigam pessoas que não conseguem ir a uma sala de cinema, a exemplo do presídio feminino, Ana Maria do Couto ou os pacientes do abrigo Bom Jesus de Cuiabá.

“No mundo todo, especialmente nos Estados Unidos, a economia da cultura, principalmente a cinematográfica, movimenta milhões de dólares anualmente. No Brasil, a prática ainda é pouco usual e o mercado cultural não consegue se estruturar. Em grande parte, por falta de incentivos financeiros e também porque o governo não consegue fomentar e formular políticas culturais contínuas, que garantam tanto a comercialização de produtos desta natureza. O poder público tem que entender que a cultura pode ser uma indústria altamente rentável e o melhor: toca na alma das pessoas, melhorando a sua qualidade de vida”, finaliza.

São parceiros financiadores nesta empreitada: Petrobras, Ministério da Cultura, Governo do Estado de Mato Grosso, Secretaria Estadual de Cultura (Fundo Estadual de Cultura) e o Ministério da Integração Nacional.
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