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Quarta-feira, 01 de maio de 2024

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Novo presidente uruguaio herdará rusga com vizinho

Para votar na eleição presidencial, os uruguaios residentes na Argentina não poderão ingressar em seu país pelo principal acesso por terra entre as duas margens do rio Uruguai.


Desde 2006, um protesto dos habitantes do lado argentino contra a construção, na margem uruguaia do rio, da fábrica finlandesa de celulose Botnia impede a circulação pela ponte de Gualeguaychú.

A intenção dos manifestantes argentinos é afetar a indústria turística uruguaia, em represália ao que consideram um dano ao ambiente --a Botnia estaria poluindo o rio--, à qualidade de vida no local --o cheiro da fumaça emitida pela fábrica seria a razão do aumento de casos de enjoo e alergias na população-- e, por extensão, uma ameaça à sua sobrevivência econômica, amparada na indústria do turismo.

O fato de os manifestantes argentinos não permitirem o acesso dos eleitores uruguaios -no mesmo mês em que abriram a ponte para deixar passar torcedores argentinos que foram apoiar sua seleção contra o Uruguai --é mais um capítulo num conflito que ultrapassa os aspectos anedóticos.

Os governos argentino e uruguaio discutem atualmente o caso na Corte Internacional de Justiça de Haia, onde a Argentina acusou o Uruguai de descumprir o tratado bilateral de gestão do rio, ao autorizar unilateralmente a instalação da Botnia na região.

Além disso, a Argentina tentou provar que a empresa contamina o rio. O Uruguai diz ter a comprovação, por auditorias independentes, de que a Botnia respeita os padrões internacionais de impacto de sua atividade no meio ambiente e tem índices de emissão de poluentes abaixo do máximo permitido.

Os uruguaios, por sua vez, reprovam a inoperância do governo argentino em relação à obstrução da ponte de Gualeguaychú, que fere o princípio da livre circulação entre os países do Mercosul.

Já o Brasil mantém a posição de não se intrometer no desentendimento, para desapontamento dos uruguaios, que julgam a "imparcialidade" uma atitude aquém da expectativa em relação ao autoproclamado líder regional.

A decisão do Itamaraty é não intervir num conflito em que apenas um dos lados deseja sua mediação. A Argentina recusa a interlocução brasileira nesse assunto. A diplomacia brasileira tem em conta ainda o precedente negativo estabelecido quando os países aceitaram a mediação do rei da Espanha, que não teve êxito na tarefa.

Os dois principais candidatos à Presidência do Uruguai, o socialista José Mujica e o conservador Luis Alberto Lacalle, reprovam a atitude argentina e exigem o fim do conflito --com diferente gradação retórica.

Em comício na cidade de Fray Bentos, no lado uruguaio da fronteira, Lacalle afirmou estar "provado que a Botnia não é contaminadora", disse que "a situação se tornou grotesca", já que "um punhado de pessoas da Província vizinha de Entre Ríos mantém a Argentina cativa em suas relações com o Uruguai" e prometeu que, se eleito, tentará "terminar imediatamente" com o conflito.

Mujica afirma estar seguro de que a empresa finlandesa não contamina o meio ambiente e diz que a Argentina precisa "compreender" isso. Ele defende a via do acordo com a presidente argentina, Cristina Kirchner, a ser alcançado com "paciência e sem prepotência".

Mesmo quando Cristina fez declarações duras sobre o fato de o Uruguai haver permitido a instalação da fábrica, Mujica contemporizou: "A relação com o povo argentino está além das idas e vindas de uma questão conjuntural. Somos filhos da mesma placenta. Os governos passam, os povos ficam".
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