O caos no Hospital Universitário Júlio Müller (HUJM) deve acentuar-se nos próximos dias. Em uma única semana, o único hospital federal de Mato Grosso fechou o pronto-atendimento (adulto e infantil); reduziu leitos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neo-natal, de 10 para 6; e de 8 para 6, na UTI adulto. A última "novidade" é o fechamento de uma das quatro salas de cirurgia do local. O centro sozinho era responsável por cerca de 566 cirurgias anuais. A razão da supressão dos serviços é a mesma: falta de recursos humanos.
A situação decorre de portaria do governo federal, publicada no final de 2009, que reduziu de 22 mil para 6 mil as horas de plantão. Com isso, o pagamento da equipe de apoio tornou-se inviável. Conforme previsão da diretora superintendente em exercício na instituição, Olga Akiko Tanaka, a situação no hospital ainda é tranquila mas deve ficar caótica a partir do dia 15 de janeiro.
Tanaka explica que até então a situação no hospital está normal porque o recurso destinado à remuneração de horas extras está sento utilizado para manter a extensão dos horários das equipes em ação. “O limite de horas extras é de 90 horas por ano ou 44 por mês, para cada servidor. Na hora em que esse limite (por volta do dia 15) acabar, aí sim teremos uma situação crítica”, admitiu.
A “prescrição” para o problema, segundo a superintendente, é a contratação de mão de obra. “Falta gente em todas as categorias, de porteiro até cargos que exigem nível superior”, afirmou Tanaka.
A superintendente informou que a reitoria da Universidade Federal de Mato Grosso e o Ministério de Planejamento já foram notificados sobre os problemas que a portaria acarretou para o funcionamento do hospital, mas que até então não se obteve resposta.
Os docentes que trabalham no hospital também prometeram entrar com ação no Ministério Público para que a instituição interfira no assunto.
O Júlio Müller realiza mais de 100 mil consultas e 6 mil internações por ano. Também são realizados 280 mil exames laboratoriais por ano. O hospital ainda é referência em todo o Estado no tratamento de hepatite e malária.
