A situação flagelante em que se encontra a saúde pública em Mato Grosso e motivou o juiz da Segunda Vara de Juína (735 km de Cuiabá), Gabriel da Silveira Matos, a apelar para as Força Armadas é considerada pelo magistrado como descaso e inoperância do poder público que, segundo ele, estaria preocupado apenas com construções e compras.

Na avaliação do magistrado, não se trata de escolher entre casos mais ou menos graves, mas sim da falta de tratamento básico. “Enquanto faltam leitos em hospitais o Estado fica olhando, construindo estádios e comprando carros”, reclamou o juiz, em entrevista por telefone ao Olhar Direto.

Gabriel, através de uma decisão, recorreu as Forças Armadas para garantir o atendimento de neurocirurgia e Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para uma criança de apenas dois anos portadora de hidrocefalia.

Segundo ele, a demanda de processos judiciais envolvendo questões de saúde pública é muito alta e a justificativa do Estado é sempre a mesma. “Não param de entrar ações e a secretaria sempre diz que está fazendo o que pode. Quando está faltando leito o que você faz? Constrói mais leitos”.

Ao proferir sua decisão, Gabriel disse acreditar que a falha no sistema é relacionada à escolha das prioridades dos políticos eleitos como representantes do povo e chegou a afirmar que a situação é de calamidade pública, equivalente à situação de guerra.

Diante da argumentação, o ‘pedido de socorro’ as Forças Armadas pode ser considerada uma medida de desespero, já que no ponto de vista do magistrado, se for o caso, o Exército deva instalar em Mato Grosso até um hospital de campana para atender a demanda.

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