Como já era esperado, o julgamento do empresário e 'lobista' Josino Guimarães, acusado de ser o mandante do assassinato do juiz Leopoldino Marques do Amaral, encontrado morto há 12 anos em Concepción (Paraguai), continua cercado de polêmica e deverá ser reiniciado amanhã pela manhã no terceiro dia consecutivo.

Uma das controvérsias foi o encerramento "prematuro" do caso por conta das ligações telefônicas interceptadas entre Josino e um grupo de desembargadores, também suspeitos de integrarem o esquema criminoso.

Segundo o delegado superintendente da Polícia Federal, César Martinez, existem informações de que Josino teria recebido em sua casa em Chapada dos Guimarães, o maior e mais temido traficante do país, Fernandinho Beira Mar.

Martinez revelou também que à época teve que encerrar precocemente o inquérito, depois que conversas telefônicas entre Josino e desembargadores do TJ começaram a ser interceptadas. “Não tínhamos competência para entrar nesta seara e isso poderia comprometer todo o trabalho de investigação que já havia sido feito”, relatou.

Logicamente, os advogados de Josino pretendem sustentar que até o momento ainda não há nenhuma prova ou indício de ligação entre o empresário e os executores do crime, a ex-escrevente do Fórum de Cuiabá Beatriz Árias e o tio dela, Marcos Peralta, ex-taxista.

“Os depoimentos desta quarta-feira foram bastante positivos no tocante de que todas as testemunhas ouvidas, tanto de defesa, quanto do juízo, que trabalharam diretamente na investigação do assassinato, deixaram claro que não encontraram ligação entre a executora do crime (Beatriz), o pistoleiro sargento Jesus, e Josino. Então se não há ligação entre executor e mandante, como comprovar a culpa de Josino? É nisso que vamos trabalhar”, afirmou o advogado Waldir Caldas em entrevista ao Olhar Direto.

Durante toda a quarta-feira (30), as testemunhas da defesa e do juízo foram ouvidas no julgamento, que amanhã entra no seu terceiro dia. Revelações como uma possível ligação do lobista com bandidos de alta periculosidade para quem negociava sentenças junto ao Judiciário vieram à tona.

A expectativa é que o julgamento termine nesta quinta-feira. Na programação, logo pela manhã Josino será interrogado pelos procuradores, na sequência abre-se tempo para explanação da acusação, depois para defesa com direito à réplica e tréplica, em seguidas os jurados se reúnem, e o juiz sentencia.

Além de Martinez, testemunharam nesta quarta-feira pela defesa, o delegado da polícia federal José Pinto Luna, responsável pelo início das investigações logo após o assassinato, o ex-agente da PF Daniel Balde e o superintendente da PF na época do crime , Claudio Rosa, ex-superintendente da Federal em Mato Grosso.

Primeira atualização às 22h40