O vice-governador Carlos Fávaro (PSD) acaba de entregar sua carta de renúncia ao cargo e passará a se dedicar exclusivamente à campanha para senador. Caso o governador Pedro Taques (PSDB) se afastasse do cargo nos próximos meses e Fávaro assumisse, tornaria-se inelegível ao Senado. Em sua justificativa, o vice não citou esse temor e preferiu afirmar que não concorda com a ideia de trabalhar por sua candidatura e ao mesmo tempo manter estrutura do atual cargo e receber salário do Estado.
“Não poderia me dedicar a esse propósito, fortalecendo o partido para as candidaturas proporcionais e majoritárias recebendo o salário mensal de R$ 20 mil e nem continuar utilizando toda a estrutura que dá apoio à Vice-governadoria”, justificou.
O pedido de renúncia foi entregue nas mãos do deputado estadual Eduardo Botelho, presidente da AL, que prometeu dar celeridade máxima ao trâmite para garantir tranquilidade ao pré-candidato ao Senado. Botelho ainda aproveitou para elogiar a postura de Fávaro, adotada à frente da Vice-Governadoria. “Sempre foi um grande vice-governador, eu sou testemunha disso, em momentos de crise, em momentos que precisou, você estava junto”, afirmou.
Quem é o "vice" agora?
Com a renúncia, Botelho passa a ser o próximo da linha sucessória de Taques e também torna-se inelegível à reeleição caso assuma o governo nos próximos meses. Caso o cargo de governador fique vago e Botelho não assuma o controle do Estado, Rui Ramos, presidente do TJ, assume o cargo.
Candidatura em risco
Com o temor de assumir o governo e perder a elegibilidade para o Senado, um projeto de lei chegou a ser criado para obrigar o governador a avisar sobre a vacância com 48h de antecedência, o que ajudaria Fávaro a se resguardar.
Conforme Olhar Direto antecipou ontem, o presidente da AL, Eduardo Botelho (DEM), afirmou que não "ambiente" para se fazer a votação. Além disso, a reportagem apurou que o parecer da Comissão de Constituição e Justiça da AL também é pela inconstitucionalidade do projeto. Sem nenhuma garantia de que não vai prejudicar seu projeto eleitoral, Fávaro optou por deixar a Vice-Governadoria. Em breve, Taques deverá viajar para a Bolívia para assinar um acordo sobre combustíveis fósseis.
Veja abaixo íntegra da explicação de Fávaro sobre a renúncia:
Hoje, protocolei minha renúncia ao cargo de vice-governador na Assembleia Legislativa. Tomei essa decisão em razão da missão dada pelo meu partido, o PSD, de construir um novo projeto para Mato Grosso. A razão é simples: não poderia me dedicar a esse propósito, fortalecendo o partido para as candidaturas proporcionais e majoritárias recebendo o salário mensal de R$ 20 mil e nem continuar utilizando toda a estrutura que dá apoio à Vice-governadoria.
Desde que assumi o cargo de vice-governador, reduzi sensivelmente o tamanho da estrutura que, na época, contava com 74 cargos, sendo 46 exclusivamente comissionados. No primeiro ano, diminuí para 20 o número total de servidores e mantive essa média até hoje. Com o compromisso de reduzir custos, diminuí 60% das despesas administrativas e isso tudo sem prejudicar os trabalhos, já que realizamos 12 mil atendimentos durante o período que estive à frente do gabinete.
Além disso, assumi por 20 meses a gestão da Sema - Secretaria de Estado de Meio Ambiente, um dos maiores desafios da minha vida e, com muito trabalho, planejamento e dedicação, apresentamos avanços em todas as áreas. Hoje, com certeza, temos uma secretaria muito mais eficiente e cumprindo o seu principal papel, que é a preservação do meio ambiente, sem atrapalhar o desenvolvimento econômico.
Agradeço aos eleitores que me elegeram e ao povo de Mato Grosso com a absoluta certeza de missão cumprida. Parto para esse novo desafio e não seria ético de minha parte trazer prejuízo ou despesa ao erário, utilizando-me de uma estrutura que foi criada para atender ao mandato de vice-governador. A nova política exigida pela sociedade não quer discurso, quer ação. Tenho convicção de que esta é a decisão mais acertada.
Obrigado a todos
Carlos Fávaro
Vice-governador
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