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Terça-feira, 30 de abril de 2024

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Maquinista confirma à polícia que estava fora de trem em movimento no Rio

O maquinista Márcio José Pereira, 40, condutor do trem da SuperVia (concessionária que administra os trens) que andou desgovernado segunda-feira (18) no ramal de Japeri (63 km do Rio), admitiu em depoimento à Polícia Civil que estava fora da composição quando ela partiu da estação Ricardo Albuquerque.


Passageiros dizem que trem circulou sem maquinista

De acordo com o depoimento do maquinista, que trabalha há seis anos na SuperVia, uma luz amarela acendeu no painel de controle da cabine do trem, alertando sobre um possível problema no penúltimo vagão da composição, que tinha oito vagões.

Pereira disse que deixou o trem com freio acionado, desembarcou pela cabine pelo lado esquerdo, e caminhou pela brita (linha férrea) até o sétimo carro, para verificar se havia problema. Quando estava retornando, há dois vagões da cabine, o trem começou a andar. O maquinista disse ter sido alertado por passageiros de que um homem teria deixado a cabine.

Segundo Pereira, o homem vestia macacão, tinha cabelo estilo "reco" (estilo militar) e estava com uma mochila nas costas. "Após dar a partida, o indivíduo correu em direção à bilheteria da estação, e o trem seguiu, sozinho", disse Pereira no depoimento.

Após o depoimento, o delegado titular da DDSD (Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados), Eduardo Clementino de Freitas, afirmou que trabalha com três hipóteses sobre o episódio. "Nós temos três linhas de investigação. A primeira é se houve uma falha humana, tendo em vista uma série de falhas procedimentais praticadas pelo maquinista. A segunda é que pode ter acontecido uma falha técnica, mas quem vai comprovar isso é o laudo pericial do ICCE [Instituto de Criminalística Carlos Éboli]. E a terceira é o ato de uma ação humana intencional, que pode ser uma atitude de vandalismo ou até mesmo uma sabotagem. Mas para confirmar isso precisamos confrontar o depoimento do maquinista com o resultado do laudo técnico", disse o delegado.

Freitas disse considerar que houve negligência do maquinista, pois ele não poderia ter se ausentado da cabine sem antes trancá-la e retirar as duas manetes que fazem o trem partir.

Para o delegado, as informações do depoimento do maquinista ainda estão sendo investigadas, pois a "história ainda está muito mal contada".

"Se realmente houve uma pessoa que entrou no trem, ela vai responder por perigo de desastre ferroviário, além de tentativa de homicídio, porque ela atentou contra a vida de milhares de pessoas que utilizam o serviço ferroviário. E o maquinista, se estiver mentindo, vai responder por falso testemunho e talvez por exposição a perigo, se ele realmente concorreu para que aquele evento ocorresse", disse.

A eventual pessoa que entrou no trem pode ser condenada a 22 anos de prisão pelos crimes. Segundo o delegado, mesmo que não esteja mentindo o maquinista deve responder pelo crime de exposição a perigo, que tem pena máxima de um ano e quatro meses de prisão.

Por enquanto, só foram interrogados o maquinista e alguns supervisores da SuperVia, mas equipes da DDSD buscam testemunhas para ajudar a esclarecer o caso. Na estação Ricardo Albuquerque não havia câmeras, o que, segundo Freitas, dificulta a investigação. A previsão é que o laudo do ICCE fique pronto em 30 dias.

Ainda segundo o delegado, o trem pode ter andado no máximo a uma velocidade de 80 km/h, e percorrido entre 5 e 8 km.

Em nota, a SuperVia informou que instalou uma comissão de investigação sobre o incidente e que coopera com a polícia na apuração dos fatos. "Qualquer informação neste momento é prematura e incompleta", afirma a empresa, que afirmou que um laudo com detalhes e questionamentos sobre o incidente será encaminhado em 30 dias à Agestransp (agência reguladora de transportes no Estado).
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