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Júri absolve secretário de Cuiabá acusado de ser mandante da execução de detentos que fugiram do Carumbé

07 Nov 2023 - 08:15

Da Redação - Rodrigo Costa e Pedro Coutinho

Foto: Reprodução

Júri absolve secretário de Cuiabá acusado de ser mandante da execução de detentos que fugiram do Carumbé
O Tribunal do Júri absolveu nesta segunda-feira (6), por unanimidade, o secretário de Ordem Pública de Cuiabá e coronel da Polícia Militar, Leovaldo Sales, da acusação de ser o mandante da execução de dois detentos que fugiram do presídio do Carumbé, na capital, em 1996. Em seu depoimento durante o julgamento, ele havia negado o cometimento do crime e até chorou ao lembrar da família e de um episódio com a imprensa, em que disse "que foi tirado de contexto". 


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​O Conselho de Sentença também julgou como inocente os outros quatro envolvidos no episódio: o capitão Mariano Cassiano de Camargo, o sargento Ângelo Cassiano, e os soldados Douglas Moura Lopes e José Luiz Vallejo Torres.
 
A sessão iniciou na manhã desta segunda-feira (6) e durou até cerca de 22h20, após mais de 12 horas de julgamento. O júri foi composto por quatro jurados e a audiência foi presidida pelo juiz Marcos Faleiros.
 
O promotor de Justiça Jorge Paulo Damante, que promoveu a acusação e pedia a condenação dos envolvidos, afirmou que não irá recorrer da sentença, proferida 27 anos depois do desaparecimento dos dois detentos.

Denúncia

O crime ocorreu em 10 de dezembro de 1996 e denúncia foi recebida em março de 2004, sendo os acusados pronunciados em 2012. De acordo com denúncia do Ministério Público do Estado (MPE), era por volta das 15h daquele dia quando ocorreu uma rebelião no Carumbé, resultando na fuga de aproximadamente 50 detentos, razão pela qual o 3º Batalhão da PM foi acionado, sob comando de Leovaldo Sales.

Quinze presos foram recapturados na redondeza, dentre eles a vítima Cláudio Andrade Gonçalvez, que inicialmente iria ser levado ao Pronto Socorro Municipal para atendimento de emergência, já que havia sido ferido.

Ocorre que as investigações apuraram que a determinação para levar a vítima para o hospital, na verdade, seria um pretexto para ocultar a real finalidade: promover a execução sumária dos presos. A ordem para tal teria partido de Leovaldo.

Viatura da PM, conduzida pelos agentes Mariano Mattos, Antônio Bruno, Ângelo Camargo, Douglas Moura Lopes e José Luiz Torres, teria levado as vítimas até uma estrada que acessa o município de Barão de Melgaço, onde Cláudio Gonçalves e outro detento não identificado foram executados.
 
No entanto, reportagem da TV Centro América mostrou que Cláudio não havia sofrido qualquer lesão que justificasse seu encaminhamento ao Pronto Socorro. Com as imagens confirmando o fato, de que a vítima teria desaparecido, a possibilidade de que ele teria sido executado começou a ser levantada.

Investigações localizaram dois cadáveres quase um ano depois, em janeiro de 1997, com sinais de execução e enterrados como indigentes em cemitério de Cuiabá. Exames confirmaram que um dos corpos era de Cláudio.

Defesa

Após quase 30 anos, os defensores de Leovaldo pediram que o julgamento fosse redesignado. No entanto, o magistrado indeferiu o pleito, confirmando o dia 6 de novembro de 2023 como a data para que o ex-comandante fosse submetido ao Júri. 
 
Nesta segunda-feira, venceu a tese de que os dois recapturados fugiram da viatura enquanto eram conduzidos dentro do camburão para o Pronto Socorro Municipal. Todos os réus deram essa versão, de que na altura do Córrego do Barbado, os dois conseguiram escapar da vigilância policial.
 
A defesa do coronel Leovaldo, representada por dois advogados, também rechaçou uma série de questões e provas que foram levantadas na instrução processual. O principal ponto debatido foi de que o cadáver encontrado não seria de Claudio Andrade Gonçalves, detendo que fugiu.
 
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