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Sexta-feira, 19 de julho de 2024

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Imunidade parlamentar não significa caminho aberto para divulgação de notícias falsas, explica advogado

Foto: Rogério Florentino Pereira/ Olhar Direto

Imunidade parlamentar não significa caminho aberto para divulgação de notícias falsas, explica advogado
Em tempos de redes sociais, imunidade parlamentar não significa caminho aberto para divulgação de notícias falsas que podem minar o Estado Democrático de Direito. Posicionamento é do advogado Rodrigo Terra Cyrineu, que concedeu entrevista ao Olhar Jurídico nesta quarta-feira (9).


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Conforme explicado por Cyrineu, imunidade parlamentar é uma blindagem às opiniões, palavras e aos votos dos congressistas, como forma de garantir sua independência e evitar retaliações, inclusive na esfera judicial. “É uma prerrogativa que durante muito tempo foi tida como praticamente inviolável”.

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Jurista considera que as redes sociais e a pós-modernidade alteraram a compreensão sobre o instituto (imunidade parlamentar), então idealizado com o surgimento dos Parlamentos e a ideia "tradicional" de comunicação social.

Assim, a imunidade exige uma correlação entre o que se diz e o exercício do respectivo mandato. “Não é todo e qualquer conteúdo que será blindado de reprimendas, sob pena de se institucionalizar não a imunidade ‘parlamentar’, mas a imunidade do ‘tagarela’ ou do ‘boquirroto’”, explicou Cyrineu.
 
Fakes


O grande problema, conforme Rodrigo Cyrineu, surge no contexto recente das fake news, deepfakes, e em que medida se tolerarão esses expedientes. Fake news são notícias falsas publicadas por veículos de comunicação como se fossem informações reais. Deepfake é uma técnica usada para fazer montagens com famosos e políticos, substituindo rostos e vozes em vídeos realistas.
 
“A liberdade de expressão pode muito, mas não pode tudo, especialmente no contexto em que o próprio Congresso Nacional criminalizou várias condutas que atentam contra o Estado Democrático de Direito, aí incluído o processo e o sistema de votação. De forma que a divulgação de notícias falsas, em meu entender, quando reconhecidamente falsas ou objeto de montagem ou dissimulação, não pode ficar impune sob o manto da liberdade de expressão, porque seria ilógico que a Constituição albergasse proteção a um discurso criminoso. E isso é uma prática largamente admitida na jurisprudência eleitoral”, salientou o advogado.

Decisões judiciais 
 
Rodrigo Cyrineu afirma que vê com reservas críticas a atuação, de ofício, da Justiça Eleitoral, especialmente no período pós-eleitoral, com a suspensão de contas de mandatários e candidatos eleitos que de algum modo criticam o modelo eleitoral do país ou a própria atuação do TSE, na perspectiva de que críticas gerais e sérias não poderiam ser reprimidas e principalmente censuradas.
 
Por outro lado, conforme o jurista, “se um titular de uma conta em rede social faz afirmações desprovidas de elementos mínimos de prova sobre fraudes das urnas eletrônicas ou coisa do gênero, isso tem o condão de minar a credibilidade das instituições, notadamente da Justiça Eleitoral, e provocar uma manifestação contínua e crescente de revolta e insatisfação social, de modo que nesses casos mais pitorescos, de forma excepcionalíssima, a suspensão se justifica, especialmente no caso de práticas reiteradas ou reincidentes”.
 
Caso Medeiros

O deputado federal José Medeiros (PL) teve seu perfil no Twitter suspenso, na noite desta terça-feira (8), por determinação legal. O vice-líder do Governo Jair Bolsonaro (PL) na Câmara Federal diz ter sido vítima de censura. O parlamentar conta com quase 1 milhão de seguidores em suas redes sociais, sendo 181 mil apenas na plataforma derrubada.
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