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Sexta-feira, 19 de julho de 2024

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ABRINDO O JOGO

Eder revela esquema de compras adulteradas sob comando da SAD para pagamento de dívidas com factoring; veja vídeo

Foto: Assessoria

Eder revela esquema de compras adulteradas sob comando da SAD para pagamento de dívidas com factoring;  veja vídeo
O ex-secretário de Fazenda e Casa Civil, Éder de Moraes Dias, afirmou, durante depoimento ao Ministério Público Estadual (MPE), que várias compras da Secretária de Administração de Mato Grosso (SAD) foram fraudadas para que o pagamento de dívidas de empréstimos junto à rede Amazônia Petróleo e a Globo Fomento Mercantil fossem quitadas. O esquema teria ocorrido sob o comando de mais de um secretário da pasta, possuindo, como principal fonte de corrupção, a compra de combustível nos postos de propriedade do empresário Junior Mendonça.


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Segundo as afirmações expostas por Eder, eram escolhidas pessoas responsáveis por executar compras fraudulentas, em quantidade estratosférica, gerando valores repassados automaticamente aos gestores dos combinados ilegais. “Existe um lote de cartões de consumo, duzentos cartões aí, e esses aqui é só para fabricar volume. Você vai passar lá duzentas vezes por dia, depois ele distribui no sistema, é assim. Eu nunca participei disso, vou deixar bem claro”, afiançou o delator.

Junior Mendonça, “aplicador” do dinheiro ilícito, assegurava lucro durante o processo corrupto. “Nas operações de factoring ele não quer nem saber se o que nós estamos fazendo está correto ou não está. Ele quer emprestar e ganhar juros, e juros em média de 5,5%”, afirmou Eder Morais. Para o ex-secretário de fazenda “quando o gestor público quer desviar ou roubar recurso público, não tem lei que segure, não existe sistema que segure”.

Ainda conforme Eder, os acordos para desvio de dinheiro público eram regra para quitação de dividas do sistema. “Só vai trocar quem está na cadeira, a cadeira vai funcionar nessa regra” finalizou. Eder afirma que os ex-secretários de administração Francisco Faiad e Cezar Zílio foram alguns dos que operaram o esquema quando comandavam a SAD. 

Veja abaixo trecho do depoimento de Eder ou cique aqui (parte 1) e aqui (parte 2).




O depoimento

O Ministério Público Estadual conseguiu colher o depoimento de Eder por intermédio do promotor de Justiça Marcos Regenold, que convenceu Eder a colaborar com as investigações.

Eder Moraes afirma agora, no entanto, que seu depoimento, cujo trecho foi reproduzido pelo Olhar Jurídico, não tem valor legal. “Esse meu depoimento não tem validade jurídica, este depoimento ele foi cancelado e retratado publicamente”, argumentou, em entrevista por telefone na última sexta-feira.

Ararath

A Operação Ararath investiga um complexo esquema de lavagem de dinheiro - cuja estimativa de movimentação ultrapassa R$ 500 milhões – para o ‘financiamento’ de interesses políticos no Estado. Uma lista apreendida pela PF aponta que pelo menos 70 empresas utilizaram ‘recursos’ oriundos de esquemas fraudulentos de empréstimos.

A ação policial levou para prisão Eder Moraes, uma das figuras políticas mais emblemáticas do Estado. Homem forte do governo Blairo Maggi, atuou em cargos de destaques durante a sua gestão (2003 a 2010), como secretário de Fazenda, presidente da Agência da Copa do Mundo (Agecopa), da Casa Civil e também diretor da Agência de Fomento de Mato Grosso.

O próprio Blairo Maggi é investigado no esquema, assim como Silval Barbosa (PMDB), o prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (PSB), membros do Judiciário, Ministério Público, empreiteiros e empresários supostamente ligados ao ramos da agiotagem.

A Operação

A operação foi deflagrada no dia 12 de novembro de 2013, quando a Polícia Federal cumpriu 11 mandados de busca e apreensão para coletar provas materiais e dar continuidade as investigações de um suposto esquema de lavagem de dinheiro e agiotagem. Entre os locais “batidos” pela PF estavam a cobertura de luxo de Júnior Mendonça, principal nome das investigações, no condomínio Maison Paris, em Cuiabá, e postos de combustíveis da rede Amazônia Petróleo, da qual ele é sócio.

Mendonça era sócio proprietário da factoring “Globo Fomento Mercantil”, empresa que, segundo a PF, foi usada como fachada para negócios de agiotagem e lavagem de dinheiro. Todas as transações financeiras supostamente ilegais eram movimentadas através de contas da factoring e da rede Amazônia Petróleo.

Júnior Mendonça

Empresário ligado ao ramo do combustível, já foi dono das extintas empresas Pneu Center e Rodão Center, que ficavam em Várzea Grande. Em 2002 tornou-se sócio do irmão na factoring “Globo Fomento Mercantil”, que encerrou atividades em 2012, com a dissolução da sociedade. Junto do pai, Gércio Marcelino Mendonça, faz parte da Rede Amazônia Petróleo.

O Papel de Eder Moraes

As investigações apontam que o ex-secretário de Estado Eder Moraes seria um pilar do esquema, fazendo a interlocução entre Mendonça e a classe política. O peemedebista foi preso no dia 20 de maio de 2014, pela Polícia Federal, e encaminhado para Brasília para que não atrapalhasse as investigações por gozar de forte influência em Mato Grosso. Após mais de 80 dias, o ex-secretário de Estado Eder Moraes (PMDB) deixou o Complexo Penitenciário da Papuda no final da manhã do dia 09 de agosto de 2014.

Os Vídeos

Eder Moraes Prestou uma séria de depoimentos, nas condições de delação premiada, ao Ministério Público Estadual. A reportagem do Olhar Jurídico teve acesso ao conjunto de informações gravada em vídeo que, no total, contabiliza cerca de 12 horas de imagens.
 
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