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Quinta-feira, 18 de julho de 2024

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Procurador alerta para perigos da Hepatite C e fala de tratamento obtido na Justiça

Foto: Divulgação

Procurador alerta para perigos da Hepatite C e fala de tratamento obtido na Justiça
O procurador do Estado José Vitor da Cunha Gargaglione alerta para os riscos e falta de conhecimento por parte da sociedade acerca da Hepatite C. Trata-se de uma doença viral que leva à inflamação do fígado e raramente desperta sintomas. Na verdade, a maioria das pessoas não sabe que tem hepatite C, muitas vezes descobre através de uma doação de sangue ou pela realização de exames de rotina, ou quando aparecem os sintomas de doença avançada do fígado, o que geralmente acontece décadas depois. Hepatite C é um dos três tipos mais comuns de hepatite e é considerado o pior deles.


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Gargaglione virou notícia após conseguir uma liminar para obter um medicamento para o tratamento da doença orçado em R$ 200 mil. “Como homem público, eu sou submetido a um julgamento moral todos os dias, e hoje por mais que eu seja acometido por uma moléstia que ataca meu organismo, eu ainda me vejo à frente de ter que prestar esclarecimentos por força desse julgamento moral”.

“Essa é uma doença progressiva, é crônica e mata da forma mais cruel e covarde, porque ela é silenciosa. Ela não dá nenhum tipo de sinal. Quando ela dá o primeiro sinal de que você não está bem, já era. Você está com seu fígado totalmente comprometido”, explica o procurador, que descobriu que é portador da Hepatite C há cerca de cinco anos.

“Gostaria de fazer um alerta para que seja divulgada essa moléstia, porque a gente fica sem saber sobre a Hepatite. A Hepatite C é uma doença que leva à cirrose hepática, ao câncer de fígado e ela mata e ela é silenciosa. O dia que ele sente alguma coisa já é tarde. Hoje no Brasil nós temos mais de 2,5 milhões de pessoas que têm Hepatite C, que é transmitida por objetos perfuro cortantes, sangue contaminado, não é transmitida através de ato sexual. A Hepatite B sim é transmitida por ato sexual, mas ambas matam”, diz Gargaglione.

Segundo ele, é necessário maior rigor no controle. “Nós precisamos que haja na realidade movimentos de incentivo à testagem, como ocorre em estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais. Mato Grosso precisa ter um grande movimento de testagem para Hepatite, porque nunca houve controle”, diz.

O procurador do Estado explica que foi contaminado em uma transfusão de sangue. “Eu me contaminei com a Hepatite C em um hospital em Mato Grosso, onde eu fiz uma transfusão de sangue. Quantas pessoas fizeram transfusão de sangue aqui no Estado e podem estar também contaminadas? Antes de 1993 não se tinha controle da Hepatite C. As pessoas da minha geração, pessoas com mais de 45 anos, eram vacinadas nas escolas com seringas que não eram descartáveis. Iam a dentistas onde os instrumentos passavam apenas por um procedimento de autoclave. E as meninas e os meninos que o pai e a mãe dão dinheiro para fazer uma tatuagem e vão a um tatuador que não toma nenhuma cautela com os instrumentos?, questionou.

“Nós temos uma cultura de ignorar o problema, até que o problema nos atinja. A Hepatite C é um problema que não atinge somente o portador, mas todos. Toda a sociedade. Nós não vamos ter amanhã ou depois suporte no Estado para o volume de transplantes de fígado que terão que ser feitos. Nós não vamos absorver essa demanda. A demanda com o custo não para o tratamento, mas com as conseqüências de uma Hepatite C e de enfermidades. A Hepatite C leva ao diabetes, leva a chamada síndrome metabólica, leva a uma série de outras doenças. Isso pode causar uma grande sangria nos cofres públicos. Então é importante testar, é importante se tratar, é importante se curar. Um alerta. A cura existe. A cura deve ser perseguida, devemos lutar por isso”.

Ele ressalta, porém, que não há do que se envergonhar, já que não pediu favores para se beneficiar. “Estou agindo dentro do princípio da legalidade, da moralidade, de cabeça erguida, enfrentando uma doença que vem atacando meu organismo há duas décadas, e há cinco anos eu tive conhecimento dela e de cinco anos para cá eu não dou trégua para essa doença”.

Segundo ele, os dois primeiros tratamentos disponíveis pelo SUS não surtiram efeito em seu organismo. “Quem vai para a Justiça pleitear medicamento é quem é bem informado sobre as moléstias que o atinge. Então eu fui pleitear a tutela do Judiciário para a compra desse medicamento que não é fornecido pelo SUS, justamente porque é o único medicamento hoje que evitaria que essa doença progredisse, que na realidade me facilitaria o caminho para a cura dessa moléstia, já que Hepatite C é uma moléstia curável. Ela tem cura, o que não tem cura é a ignorância”.

O procurador explica que o medicamento havia sido disponibilizado para um outro paciente que, por algum motivo não conhecido, devolveu ao Estado. “Tive a grande sorte desse medicamento estar aqui no Estado de Mato Grosso, já ter sido comprado pelo Estado. Esse medicamento já existia na Secretaria de Saúde. É o único caso aqui. Não tinha ninguém na fila, não tinha ninguém na minha frente, não tinha nenhum pedido. Eu estou com esse pedido desde o começo do ano”.

Gargaglione explica que o medicamento, que pode salvar sua vida, poderia até mesmo ser descartado. “Qual o caminho que eu vou buscar? Esperar a incorporação de novos medicamentos pelo SUS ou buscar a tutela judicial. Busquei a tutela judicial. Qual o componente que aconteceu de extraordinário? É que esse medicamento já estava aqui em Mato Grosso. É um medicamento que poderia ficar lá e acontecer igual aqueles que aconteceram quando estava o sistema da Farmácia de Alto Custo sob a supervisão daquela OSS que deixou estragar não quantos milhões de reais em medicamentos”.

Por fim, ele explica que já está fazendo o tratamento. “Este medicamento já me foi disponibilizado, já estou usando, já me encontro em tratamento, fazendo todos os meus exames, e espero que se tudo correr bem eu tenha a cura dessa doença, que não só me deixa muito angustiado, como também deixam angustiados os meus filhos, os meus netos, a minha companheira, a minha família”.
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