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Quinta-feira, 04 de julho de 2024

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MPF investiga contaminação por agrotóxicos no Rio Araguaia; pesticidas causam câncer e defeitos congênitos

MPF investiga contaminação por agrotóxicos no Rio Araguaia; pesticidas causam câncer e defeitos congênitos
Ministério Público Federal (MPF) abriu inquérito para apurar notícia de que os níveis de contaminação das águas do Rio Araguaia, por agrotóxicos, estariam acima dos aceitos pela União Europeia como seguros para o consumo humano. Informação consta no Diário do órgão que circula nesta terça-feira (2).


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Segundo o MPF, a água do Rio Araguaia serve como fonte primária da abastecimento à população humana em diversos municípios. Cinco dos oito pesticidas registrados foram associados a doenças crônicas como câncer, defeitos congênitos e distúrbios endócrinos.
 
Segundo o MPF, informação foi extraída do estudo publicado na revista Environmental Advances, o qual mostra que "as porções média e alta do Rio Araguaia têm níveis de atrazina, carbendazim, cianazina, imidacloprida, 2,4-D, clomazone, clorpirifós etil e imazalil acima dos aceitos na União Europeia".
 
Conforme o órgão ministerial, o estudo foi realizado a partir de amostras coletadas entre novembro de 2018 e março de 2019, em oito afluentes nos trechos médio e alto da bacia do Rio Araguaia, sendo: Rio Claro, Rio Caiapó, Rio Garças, Rio Diamantino, Rio, Rio Perdizes, Rio do Peixe e Rio Araguainha, além do Rio Araguaia na parte alta da bacia, acima da confluência com o Rio Araguainha.
 
Os herbicidas foram os principais agrotóxicos encontrados nas amostras, seguidos pelos inseticidas e fungicidas. Conforme aponta o estudo, a presença de pesticidas leva a uma diminuição na abundância e diversidade da comunidade biológica do solo, resultando em impactos negativos duradouros sobre espécies não-alvo nas comunidades do solo, e, nos ecossistemas aquáticos, os pesticidas têm sido associados à redução da abundância de fitoplâncton e zooplâncton, bem como à diminuição da produtividade primária;
 
O estudo também revelou a escassez de informações sobre as contaminação por pesticidas em ecossistemas de água doce, sendo que, para a bacia do Rio Araguaia, foi identificado apenas um estudo de 2020 para a parte média da bacia, que registrou a presença de seis agrotóxicos (clomazone, fluazifop-p-butil, flutolanil, metsulfuron-metil, propanil e imidaclopride) na sub-bacia do Rio Formoso, Tocantins.
 
Dentre os agrotóxicos, destacou-se a atrazina e o clomazone, por terem sido registrados em todas as sub-bacias estudadas. Como aponta o estudo, a atrazina é um dos herbicidas mais utilizados no mundo e usado principalmente para controlar plantas de folha larga em culturas de cana-de-açúcar e milho, sendo reconhecida como um desregulador endócrino, responsável pela feminização e castração de anfíbios e outras classes de vertebrados, bem como pela inibição do crescimento ovariano, feminização, anomalias ontogenéticas de desenvolvimento e redução da produção de descendentes em crustáceos.
 
O clomazone é outro herbicida amplamente utilizado para controlar plantas indesejadas no cultivo, tendo efeitos adversos relatados para espécies terrestres não-alvo e organismos aquáticos, incluindo insetos aquáticos, peixes, anfíbios e macrófitas aquáticas.

Dentre os problemas para a saúde humana apontados no estudo estão: desregulador endócrino, irritante do trato respiratório, irritante da pele, irritante dos olhos (atrazina) e efeitos de reprodução/desenvolvimento (clomazone).
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