Ao final do reinterrogatório do ex-chefe da Casa Civil, Pedro Jamil Nadaf, nesta segunda-feira (15), em que confessou a existência de um esquema de corrupção no Estado durante a gestão Silval, advogados dos acusados de compor com ele a chamada “Sodoma” fizeram suas manifestações. As revelações trazidas por Nadaf causaram divergência quanto à sua veracidade, uma vez que o próprio admitiu ter mentido em seu primeiro interrogatório. Para a defesa do ex-governador Silval Barbosa e do ex-secretário de Fazenda, Marcel de Cursi, as informações trazidas são de se desconfiar, mas uma coisa é certa: novos interrogatórios podem vir à toda. A defesa de Nadaf, por sua vez, explicou a decisão de seu cliente em confessar sua culpa.
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Defesa de Nadaf:
O advogado de Pedro Nadaf, William Khalil, explicou a decisão de seu cliente em confessar seus crimes. Para ele, essa confissão demonstra perante a sociedade mato-grossense e à sua família seu “arrependimento pelos atos que ele praticou no decorrer de sua gestão nos cargos públicos na gestão passada”. Questionado, disse não saber quanto tenha sido movimentado em dinheiro ao longo de todo o esquema criminoso. “Ele pontualmente falará sobre cada situação no decorrer dos demais processos que ele responde”.
Sobre delação premiada, nega. “Não existe ainda nenhuma possibilidade de colaboração. Tanto é que ele tá vindo nessa audiência de hoje fazer a confissão. A orientação que é dada, e isso parte inclusive dele, é que ele vai responder por aquilo que fez e vai se defender daquilo que é acusado e não teve participação. Mas foi uma decisão pessoal e confessando o que ele praticou já demonstra uma verdadeira coragem, é o que podemos esperar dele daqui para frente”.
Questionado sobre quais bens serão postos à disposição da justiça para ressarcimento do erário, conforme prometido por Nadaf, William Khalil explica. “Não, ele não colocou nada à disposição ainda, até porque todo o patrimônio dele está bloqueado por ordem judicial, em decorrência destas ações judiciais e na verdade, quando ele fala em ressarcimento, está falando deste processo que hoje ele presta confissão (Sodoma 1)”.
Defesa de Silval:
Atônito, Ulisses Rabaneda acompanhou cada palavra de Pedro Jamil Nadaf ao longo da confissão. Durante o intervalo, negou traçar qualquer análise do conteúdo, mas lançou sombra sobre a veracidade das informações. “O interrogatório é um ato de defesa do réu, ele não é prova. De modo que todo réu tem direito inclusive de mentir em interrogatório. Então a estratégia de defesa que ele traçou, acredito que os advogados dele podem explicar melhor, mas com relação às declarações dele e o conteúdo delas eu me abstenho de comentar”.
Defesa de Cursi:
Pela defesa de Marcel de Cursi, o advogado Goulth Valente chegou a manifestar sua descrença nas palavras de Nadaf durante a audiência, sendo repreendido pela magistrada. Ao final, tornou a criticar as revelações trazidas. “Acho que elas foram muito imprecisas, precisam ser melhores esclarecidas. Tanto que a juíza Selma entendeu nosso requerimento no sentido de reabrir o prazo para realizarmos novas diligências e podermos comprovar e rebater todos os fatos aqui alegados pelo senhor Jamil Nadaf. (A confissão) é um fato que está no Código Penal, cada um tem a sua estratégia e ele fez a dele. A defesa do Marcel está muito tranquila quanto a isso e todos os fatos ficarão, ao final, devidamente comprovados. Primeiro vamos conversar com nosso cliente, expô-lo desta situação ora posta e depois vamos avaliar e ver o que vamos pedir, mas com certeza vamos. Tudo é possível. Abriu-se novamente o jogo”, conclui.
.jpg "Nadaf, à olhar para os advogados de Silval")
