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OPERAÇÃO SODOMA 2

Acusados de lavagem de dinheiro, ex-secretários são ouvidos sobre esquema de R$ 13 milhões

26 Ago 2016 - 09:09

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Rogério Florentino Pereira/OD

César Zílio entrando no Gaeco

César Zílio entrando no Gaeco

Está marcado para as 13h30 desta sexta-feira (26), no Fórum da Capital, os primeiros interrogatórios que marcam o início da nova fase da ação penal oriunda da “Operação Sodoma 2”. Serão ouvidos hoje os ex-secretários de Estado de Administração (SAD), César Roberto Zílio e Pedro Elias Domingos de Mello. A audiência será conduzida pela magistrada da Sétima Vara Criminal, Selma Rosane Arruda. Para a promotora do Ministério Público Estadual (MPE) responsável pela ação, Ana Cristina Bardusco, a ocasião será marcada pela confirmação de tudo o que o órgão vem apresentando como provas. Em entrevista ao Olhar Jurídico, ainda aproveitou para rebater a tese dos réus de que a Delegacia Fazendária (Defaz) baseia suas acusações em "disse que me disse". 


Deflagrada em 11 de março deste ano, a operação apura um esquema de lavagem de dinheiro. A Polícia Civil constatou que cheques empregados no esquema de extorsão com a venda de incentivos fiscais (revelado na “Sodoma 1”) foram utilizados para aquisição de um imóvel localizado na Avenida Beira Rio, bairro Grande Terceiro, em Cuiabá, avaliado em R$ 13 milhões.

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Ambos os réus ouvidos hoje firmaram acordo de delação premiada com a justiça, comprometendo-se a falar a verdade e abrindo mão do direito de não responder questionamentos.

De acordo com o Ministério Público Estadual (MPE) e as testemunhas ouvidas ao longo do início da ação, seria César Zílio o secretário responsável pela cobrança de propina de R$ 500 mil à Willians Paulo Mischur, diretor da Consignum. O dinheiro arrecadado mensalmente iria para os cofres do grupo criminoso supostamente encabeçado pelo ex-governador Silval Barbosa e organizado pelos ex-secretários Pedro Jamil Nadaf e Marcel de Cursi.

Posteriormente, segundo narrou Mischur, Pedro Elias assumiu a cadeira no lugar de Zílio e continuou exigindo os pagamentos no lugar dele. “Agora você tem um amigo aqui", teria dito Silval à Mischur, referindo-se a Elias.

Mesmo fora da pasta, César Zílio ainda teria “insistido” para que Mischur, segundo o próprio relata, assinasse cheques para compra de um terreno na Avenida Beira Rio, próximo à casa de shows Musiva. "Ou assina aí ou vai dar merda", dizia. O terreno custou R$ 13 milhões e serviu como lavagem de dinheiro para o esquema criminoso.

Hoje o terreno pertence ao arquiteto José da Costa Marques, testemunha que teria sido usada como “laranja” para a compra. Foi também ele quem desenhou e conduziu a obra da construção da mansão de César Zílio no condomínio Florais, também objeto de investigação. O arquiteto hoje lamenta, possui contas atrasadas de IPTU de um terreno de 30 mil metros que nunca foi dele e que hoje está bloqueado pela justiça e serve de estacionamento.

Expectativa da Promotora:

Sobre o que podemos esperar a partir desta sexta-feira (26), a promotora Ana Cristina Bardusco adianta. “A fase de interrogatórios é uma fase da defesa dos colaboradores, pois eles têm uma posição diferenciada, os colaboradores têm a obrigação de falar a verdade. Acredito que as questões lançadas na denúncia ficarão bem confirmadas. Aliás, acho que as testemunhas já mostraram isso. Sinceramente, a avaliação que tenho é que a prova testemunhal está muito boa. Até as testemunhas de defesa estão confirmando (os fatos narrados na acusação)”.

"Não é verdade":


A ocasião também foi oportunidade para a promotora rebater a tese amplamente defendida pela defesa dos réus, a de que não existe qualquer prova em poder da Delegacia Fazendária e que todas as acusações feitas aos réus hoje, são meramente baseadas em acusações de delatores. “Não é verdade”, rebate Bardusco, “temos cheques, cheques compensados, microfilmagens de cheques, terrenos que já foram sequestrados, gado que já foi leiloado em razão de ser produto disto (de propina), temos declarações de pessoas que foram coagidas e obrigadas a entregar essa propina. Então, não sei onde está essa fragilidade probatória, sinceramente”.
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