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ENTREVISTA ESPECIAL

Silval diz que "ficou sabendo agora" de organização criminosa e pede decência na Sodoma; veja entrevista

01 Set 2016 - 10:32

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Paulo Victor Fanaia Teixeira / Olhar Direto

Silval da Cunha Barbosa voltando ao CCC

Silval da Cunha Barbosa voltando ao CCC

Encerrado o interrogatório realizado na tarde desta quinta-feira (31), no Fórum da Capital, o ex-governador do Estado, Silval da Cunha Barbosa, foi entrevistado por Olhar Jurídico. Ele negou sua participação em organizações criminosas, embora admita que elas tenham se infiltrado em sua gestão. O réu, que optou por permitir suas imagens, contrariando proibição anterior, ainda disparou: “meu nome virou senha” para soltura de delatores do Centro de Custódia da Capital (CCC), insinuação que agrediu a Sétima Vara Criminal, conforme manifestou a magistrada Selma Arruda na ocasião. Veja imagens:


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Em sua defesa, Silval Barbosa, acusado de corrupção ativa, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, culpou seus ex-secretários César Zílio e Pedro Elias, além do arquiteto José da Costa Marques pela suposta lavagem de dinheiro realizada mediante compra de terreno na avenida Beira Rio, próximo à casa de shows “Musiva”. “Eu vou me defender. Eles estão mentindo quando envolvem meu nome nessa quadrilha que eles montaram para assaltar o Estado”, afirma.

“Eu tive a oportunidade de vir aqui e mostrar as contradições que tem dentro deste processo. E o que eu pedi ao juízo é que tenham o entendimento que as pessoas que vieram aqui, que confessaram, que assumiram, que cometeram os crimes dentro do governo estão todos em liberdade. O que eu queria dizer a essas pessoas é que tenham um pouquinho de decência, que não envolvam as pessoas que não tem nada a ver com isso, como meu filho, por exemplo, que estão tentando, de todas as maneiras, envolver. Eu estou preso, se tem alguma coisa a acrescentar e mentir, que continuem mentindo a meu respeito, é o que peço”, diz Silval.
 

O ex-governador, ao Olhar Jurídico, afirmou ainda que só ficou sabendo que havia uma organização criminosa em sua gestão no Executivo Estadual quando interrogados os réus da “Operação Sodoma 2”, este mês. Adiante, mirou suas críticas ao Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos (CIRA) e a sua atuação nas investigações da “Operação Sodoma”.

“Um órgão que foi criado para me investigar, esse CIRA. O delegado mesmo veio aqui e disse que é um órgão político e para fazer marketing e na qual o governador era o presidente do CIRA. Nós entramos com uma ação mostrando a inconstitucionalidade do CIRA, três dias depois o governador (Pedro Taques) renunciou e nomeou o secretário como presidente. Então é muito complexo, sei que estou em um processo muito complexo, mas estou tentando me defender”, declarou.
  

Em uma audiência tensa e marcada por momentos tons de voz exaltados, o interrogatório de Silval Barbosa durou cerca de 2h. O ex-governador negou ter praticado os crimes imputados à ele, incrimina quem hoje é considerado testemunha ou vítima e envolve familiares de réus em acusações. Negou ter recebido, dado ou visto pagamento de propina em nenhum local de seu gabinete, nem mesmo em seu banheiro.

O réu também disparou contra a própria ação penal que, segundo Silval, “já criou um linguajar” próprio. “Todos os delatores vem com chavões para dentro do processo. 'Ah...Marcel é o mentor intelectual, Silval o líder, o Silvio era o fiscal da propina e o cara violento, etc".

Em defesa de seu filho, Rodrigo Barbosa, que também é réu nesta ação penal (e denunciado na Sodoma 3), Silval direcionou sua artilharia ao Ministério Público Estadual (MPE), na figura da promotora Ana Cristina Bardusco. "Olha o que estão fazendo com Rodrigo", "quer me prender? Eu apodreço nessa cadeia! Mas porque botar meu filho nisso?".

Entenda a Operação:

Na fase 2 da “Operação Sodoma”, deflagrada no dia 11 de março de 2016, foi descoberta a lavagem de R$ 13 milhões na aquisição de um terreno na Avenida Beira Rio, próxima a casa de shows Musiva, que teria sido quitado com cheques provenientes de propina pagas por empresas (beneficiados com incentivos fiscais) ao Poder Executivo.

A compra foi feita, segundo o Ministério Público Estadual, pelo ex-secretário de Administração César Zílio, que teria usado o pai falecido e um arquiteto como “laranjas” na transação.

Foram denunciados pela Sodoma: O ex-governador, Silva da Cunha Barbosa; o ex-prefeito de Várzea Grande, Wallace dos Santos Guimarães; os ex-secretários de Estado, Marcel de Cursi, Pedro Jamil Nadaf, José Jesus Nunes Cordeiro, César Roberto Zílio e Pedro Elias Domingues; o filho do ex-governador, Rodrigo da Cunha Barbosa; o ex-deputado estadual José Geraldo Riva; Silvio Cezar Correa Araújo, Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, Karla Cecília de Oliveira, Tiago Vieira de Souza, Fábio Drummond Formiga, Bruno Sampaio Saldanha, Antonio Roni de Liz e Evandro Gustavo Pontes da Silva.
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