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Quarta-feira, 26 de junho de 2024

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Delator diz temer 'família Barbosa' e foi orientado a permanecer calado por Cursi

Afonso Dalberto (foto) firmou um acordo de delação premiada com o Ministério Público Estadual (MPE)

Afonso Dalberto (foto) firmou um acordo de delação premiada com o Ministério Público Estadual (MPE)

Afonso Dalberto, ex-presidente do INTERMAT (Instituto de Terras de Mato Grosso) e delator premiado nas Operações Seven e Sodoma, afirmou em depoimento a Polícia Civil que teme possíveis represálias da família Barbosa. Além de Silval, ex-governador de Mato Grosso, Toninho Barbosa, irmão do político, foi citado como fonte de medo.


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Conforme representação da Polícia Civil ratificada pelo Ministério Público Estadual, no Palácio Paiaguás eram comuns os dizeres de “boca mole formiga come a língua”, “quem tem c*, tem medo”.

Dalberto relata ainda que, quando estava no Centro de Custódio de Cuiabá, foi orientado pelo ex-secretário Marcel de Cursi a permanecer calado frente às investigações. "Aguentar pressão" e "morrer negando" teriam sido as expressões utilizadas.

Ainda no contexto de medo, o colaborador afirma que durante audiência sobre a Operação Seven teve a oportunidade de permanecer em uma sala do Fórum de Cuiabá junto de Silval Barbosa. O ex-chefe do executivo, segundo o delator: “[...] indagou porque o interrogando não conversa com eles, que na verdade eram eles seus verdadeiros amigos e que os inimigos estavam do outro lado, se referindo a justiça”.

Após o encontro no Fórum, posteriormente, quando já se encontrava no Centro de Custódia, Silval teria mandado um recado por Pedo Nadaf, “[...] dizendo que se precisasse de advogado poderia contar com sua ajuda; que o interrogando ficou intimidado com tal abordagem e teme represálias contra sua pessoa bem como sua família".

As informações constam na representação entregue a magistrada Selma Rosane Arruda, da Sétima. O documento gerou a quarta fase da Operação Sodoma, com prisões preventivas, conduções coercitivas e buscas por provas.

Conforme exposto pela Polícia e o MPE, as diligências realizadas evidenciaram que o pagamento da desapropriação do imóvel conhecido por Jardim Liberdade, localizado nas imediações do Bairro Osmar Cabral, na capital, no valor total de R$ 31.715.000,00 à empresa Santorini Empreendimentos Imobiliários Ltda, proprietária do imóvel, se deu pelo propósito específico de desviar dinheiro público do Estado de Mato Grosso em benefício da organização criminosa liderada pelo ex-governador Silval da Cunha Barbosa.

Ficou comprovado na investigação, conforme o órgão ministerial, que, além de Silval Barbosa, participaram da fraude Pedro Jamil Nadaf (ex-secretario chefe da Casa Civil), Francisco Gomes de Andrade Lima Filho (procurador de Estado aposentado), Marcel de Cursi (ex-secretario de fazenda), Arnaldo Alves De Souza Neto (ex-secretario de planejamento), Afonso Dalberto (ex-presidente do Intermat), além do proprietário do imóvel Antonio Rodrigues Carvalho, seu advogado Levi Machado, o operador financeiro do grupo criminoso, Filinto Muller, e os empresários Valdir Piran e Valdir Piran Junior, pai e filho.

De todo o valor pago pelo Estado pela desapropriação, metade, ou seja, R$ 15.857.000,00 retornaram via empresa SF Assessoria e Organização de Eventos, de Propriedade de Filinto Muller em prol do grupo criminoso.

De acordo com a investigação, a maior parte do dinheiro desviado no montante de R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais) pertencia a Silval Barbosa, ao passo que o remanescente foi dividido entre os demais participantes, no caso Pedro Nadaf, Marcel De Cursi, Arnaldo Alves de Souza Neto, Afonso Dalberto e Chico Lima.

Silval usou o valor para saldar uma dívida com Piran. Conforme os autos, uma reunião na sala de Chico Lima, no Palácio Paiaguás, deliberou que a responsabilidade de passar o dinheiro referente à parte que cabia a Marcel de Cursi era de Pedro Nadaf; a responsabilidade de passar o calor cabível a Arnaldo Alves de Souza Neto e Afonso Dalberto era de Chico Lima e que a parte de Silval Seria destinada diretamente a Valdir Piran.

O caso e prisões

A Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz) foi a responsável por desencadear a 4ª fase da Operação Sodoma, investigando crimes de corrupção praticados por uma organização criminosa no Estado de Mato Grosso.

O ex-governador de Mato Grosso, Silval Barbosa, que está preso no Centro de Custódia de Cuiabá, teve novamente uma prisão preventiva cumprida, além de Marcel De Cursi, Arnaldo Alves, Silvio César Correia Araújo e Valdir Piran.

Para prestarem interrogatórios, foram conduzidos coercitivamente Valdir Piran Junior, Eronir Alexandre, Marcelo Malouf, José Mikael Malouf, Willian Soares Teixeira, além do cumprimento de buscas e apreensão em residências e empresas dos investigados.

Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, procurador de Estado aposentado, foi preso por mandado de prisão preventiva no Rio de Janeiro (RJ), por policiais da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco).

Os investigados Valdir Piran e Arnaldo Alves tiveram os mandados de prisão cumpridos em Brasília, com apoio da Polínter do Distrito Federal.

Toda a operação conta cotou suporte da Secretaria de Estado de Segurança (Sesp) de Mato Grosso, da Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro, e da Polínter de Brasília. Para a operação foram mobilizados cem policiais civis (delegados, investigadores e escrivães lotados na Defaz, Deddica, GCCO, GOE, Dema, DRE).

Dalberto

Conforme os autos, no caso do Jardim Liberdade, Afonso Dalberto, valendo-se da posição estratégica e finalistica do cargo que ocupava, solicitou e recebeu, para proceder ao pagamento da indenização pela desapropriação realizada.

Coube ao hoje colaborador, então Presidente e Ordenador de Despesas do Instituto de Terras de Mato Grosso, encaminhar solicitação à Secretária de Estado de Fazenda — SEFAZ, na época chefiada por Marcel de Cursi, a quem competiu agilizar disponibilidade financeira suficiente para garantir o integral pagamento da indenização.

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