A corregedora-geral de justiça de Mato Grosso, Maria Erotides Kneip Baranjak, aproveitou o evento de lançamento do novo web site da instituição, nesta quinta-feira (13), para falar ao
Olhar Jurídico sobre os procedimentos tomados pela Corregedoria após a ameaça de morte sofrida pela juíza da Sétima Vara Criminal, Selma Rosane Arruda, por parte do Comando Vermelho de Mato Grosso, supostamente a mando do ex-vereador João Emanuel. Maria Erotides pontuou que Selma Arruda atua na “Vara mais perigosa do Estado”, porém garante que isso não tem afetado seu trabalho. A corregedora ainda revela: relatórios de segurança apontam que a situação de risco de vida “ainda não foi descartada, mas está sob controle”.
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“Recebemos com extrema preocupação. Imaginar que uma instituição formada por criminosos chegue ao ponto de ameaçar e anunciar publicamente uma ameaça contra um magistrado é uma coisa que nos preocupa. Perguntamos-nos: que dimensões vêm tomando o crime organizado?”, questiona-se Maria Erotides.
Os dados respondem por si. Em delação premiada firmada para os autos da ação penal oriunda da “Operação Castelo de Areia”, o denunciado Walter Dias Magalhães Junior afirmou em depoimento a Polícia Civil que João Emanuel teria contratado o Comando Vermelho para assassinar a juíza Selma.
“João Emanuel disse que falaria com o detendo Sandro Louco (líder da facção no Estado, atualmente preso) para concretizar o plano de matar a juíza Selma Arruda”, diz trecho das declarações de Walter.
À despeito dos perigos expostos na fala, a corregedora Maria Erotides, responsável pela segurança dos magistrados do Estado, garante. “Procuramos cercar a Selma Arruda de toda a proteção possível. Ela é uma magistrada extremamente atuante e que trabalha na Vara mais perigosa do Estado de Mato Grosso, vamos dizer assim. Então ela tem sua segurança, carro blindado, etc. Damos todo respaldo para que ela possa desenvolver sem medo tudo o que ela faz”.
A Corregedoria-Geral ainda revela dados atualizados sobre a situação da segurança da magistrada da Sétima Vara. “Temos acompanhado, temos monitorado e os relatórios fornecidos são de que a situação (de ameaça) não foi descartada, mas está sob controle”.
Questionada se a juíza Selma buscou providências de segurança após a ameaça, Maria Erotides diz que foi o contrário e ainda ironiza a postura de confiança da colega. “Nós quem tomamos as providências. A Selma é muito tranquila, sabe muito bem o que faz, ela anda de cabeça erguida e não deixa de ir aos locais onde deve ir. A gente é quem se preocupa, correndo para protegê-la. Ela diz: ‘eu faço o certo, não vou deixar de ir aonde eu devo’, e a gente é quem tem que correr atrás para socorrê-la. Enfim, nós queremos que ela se sinta segura para continuar decidindo o que ela entende por correto decidir”, avaliou Erotides.
Contexto:
O plano de morte teria sido apresentado pelo ex-vereador ao depoente em abril de 2016. Na ocasião, João Emanuel estava muito nervoso. Walter afirmou ainda que no dia 29 de agosto, quando passou pelo presídio do Carumbé após ser preso, recebeu um recado de que João Emanuel havia mandado um “salve” para o Comando Vermelho.
A operação “Castelo de Areia”, foi deflagrada pela Polícia Civil no dia 26 de setembro a para cumprimento de cinco mandados de prisão preventiva, sete buscas e apreensão e uma condução coercitiva. Entre os alvos está o ex-vereador e presidente da Câmara Municipal de Cuiabá, João Emanuel Moreira Lima, acusado por aplicar golpes com contratos de até R$ 1 bilhão.
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