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OPERAÇÃO SODOMA 4

Réus teriam feito pacto para esconder crimes; "preso, mas com dinheiro no bolso", disse ex-procurador

23 Out 2016 - 10:20

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Olhar Direto

Nadaf, Silval e Cursi (da esquerda para direita)

Nadaf, Silval e Cursi (da esquerda para direita)

Delações premiadas no âmbito da “Operação Sodoma 4” apontam para um pacto de silêncio formado entre os principais articuladores que teriam, somente nesta fase, promovido fraude de R$ 30 milhões. De acordo a denuncia, cuja inicial fora protocolizada no dia 15 de outubro, na Sétima Vara Criminal, a ordem era clara: “aguentar a pressão” e “morrer negando”.


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A tese da acusação costa do quinto tópico da denuncia do Ministério Público Estadual (MPE), intitulado: “Do pacto de proteção da organização criminosa”. Ela é baseada nas delações do ex-presidente do Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat), Afonso Dalberto, e dos ex-secretários de Administração, César Zílio e Pedro Elias, além das confissões de Pedro Jamil Nadaf, ex-chefe da Casa Civil.

A denúncia aponta para a “existência de mecanismos utilizados pela organização criminosa para garantir que sua existência e atuação não fosse revelada pelos membros que, além de manter rigoroso silêncio, deveriam adotar cautela para ocultar a natureza do ganho ilícito e medidas para afastar qualquer "suspeita sobre seus membros”.

De acordo com Nadaf, a tratativa ia além de um simples acordo de cavalheiros, chegando às ameaças verbais. Segundo o próprio, “constantemente escutavam as seguintes advertências: “homem de boca mole vira comida de formiga”, “quem tem cú, tem medo”e “quem tem boca fechada não entra formiga”.

O MPE cita denuncia feita por Nadaf em face de Silvio César Corrêa Araújo, ex-chefe de gabinete de Silval, que ainda no Centro de Custódia da Capital (CCC) teria afirmado que César Zílio e Pedro Elias “iriam morrer logo, fazendo nos momentos em que realizava tais afirmações gestos com os dedos simulando disparos de arma de fogo, se referindo ao fato de tais ex-secretários estarem colaborando com a justiça, bem como desconfiando que o interrogando já estava negociando sua delação premiada”.

As afirmações de Afonso Dalberto corroboram com as trazidas por Nadaf. O ex-presidente do Intermat diz que Marcel de Cursi “lhe dizia para ‘aguentar pressão’ e que ‘morresse negando’ sem falar o que sabia, chegando a dizer que delação premiada era a ‘maior fria’, a ‘pior coisa do mundo’, orientando-o a nem sempre ouvir seus advogados e estudar seu processo a fim de se defender”.

Por fim, Filinto Muller cita uma frase supostamente dita com frequência por Francisco Lima Filho (vulgo “Chico Lima”), procurador aposentado: “cadeia era lugar para homem, que ele poderia até ser preso por alguns dias, mas com dinheiro no bolso”.

Operação Sodoma 4:

As diligências realizadas evidenciaram que o pagamento da desapropriação do imóvel conhecido por Jardim Liberdade, localizado nas imediações do Bairro Osmar Cabral, nesta capital, no valor total de R$ 31.715.000,00 à empresa Santorini Empreendimentos Imobiliários Ltda, proprietária do imóvel, se deu pelo propósito específico de desviar dinheiro público do Estado de Mato Grosso em benefício da organização criminosa liderada pelo ex-governador do Estado de Mato Silval da Cunha Barbosa.

De todo o valor pago pelo Estado pela desapropriação, o correspondente a 50%, ou seja, R$ 15.857.000,00 retornaram via empresa SF Assessoria e Organização de Eventos, de Propriedade de Filinto Muller em prol do grupo criminoso.

De acordo com a investigação, a maior parte do dinheiro desviado no montante de R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais) pertencia ao chefe Silval Barbosa, ao passo que o remanescente foi dividido entre os demais participantes, no caso os ex-secretários, Pedro Nadaf, Marcel De Cursi (ex-secretário de fazenda), Arnaldo Alves de Souza Neto (ex-secretário de Planejamento), Afonso Dalberto e o procurador aposentado Chico Lima.

Foram denunciados: O ex-governador Silval Barbosa, Marcel de Cursi, Pedro Jamil Nadaf, ex-secretario chefe da Casa Civil, Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, procurador de Estado aposentado, Arnaldo Alves de Souza Neto, ex-secretário de Planejamento, Afonso Dalberto, ex-presidente do Intermat, Antônio Rodrigues Carvalho, advogado Levi Machado, o empresário Valdir Piran, Karla Cecilia de Oliveira Cintra, assessora da Fecomércio e José de Jesus Nunes Cordeiro, ex-secretário adjunto de Administração.

Ainda Sílvio Cezar Corrêa Araujo, ex-chefe de gabinete de Silval Barbosa, Pedro Elias Domingos de Mello, ex-secretário de Administração, Rodrigo da Cunha Barbosa, filho do ex-governador, Cesar Roberto Zilio, ex-secretário de administração, Alan Ayoub Malouf e João Justino Paes de Barros, ex-presidente da Metamat.
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