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RÊMORA

Empresário afirma que alugou sala para reuniões em esquema na Seduc; confira como foi audiência

18 Nov 2016 - 14:47

Da Reportagem Local - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Paulo Victor Fanaia/ Olhar Direto

Luiz Carlos da Silva

Luiz Carlos da Silva

A magistrada Selma Rosane Arruda, da Sétima Vara Criminal de Mato Grosso, ouve três testemunhas na tarde desta sexta-feira (18) no processo proveniente da Operação Rêmora. No caso, o Ministério Público o apontou como articulador de esquema de pagamentos de propinas em obras da Secretaria de Estado de Educação (Seduc). O Olhar Direto acompanha a audiência em tempo real. Confira as atualizações ao final da matéria.


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De acordo com as investigações, as propinas variavam, segundo o Ministério Público Estadual (MPE), entre R$ 400 mil e R$ 3 milhões e o cartel seria formado por mais de 23 empresas que ganhavam contratos e licitações fraudadas junto a Secretaria.

Segundo o Ministério Público Estadual (MPE), a organização criminosa era composta pelo núcleo de agentes públicos, o núcleo de operação e o núcleo de empresários.

O primeiro formado pelos servidores Wander Luiz dos Reis, Fábio Frigeri e Moisés Dias da Silva que estariam encarregados de viabilizar as fraudes nas licitações da Seduc mediante recebimento de propina.

Integrava o núcleo de operação Giovanni Bellato Guizzardi, Luiz Fernando da Costa Rondon e Leonardo Guimarães Rodrigues. Seriam eles os mandatários dos servidores públicos e os encarregados de fazer os contatos diretos com os empresários que faziam parte do terceiro núcleo.

Entre os empresários do ramo da construção civil envolvidos no esquema destaca-se o ex-deputado estadual e governador de Mato Grosso, Moisés Feltrin que foi detido durante a Operação Rêmora.

Feltrin é empresário do setor de construção e por determinação judicial seria conduzido coercitivamente para prestar esclarecimentos, mas como em sua casa foram encontradas armas de fogo, o mesmo foi detido em flagrante.

No total, o núcleo de empresários possui 23 empresários e ao menos 20 obras foram fraudadas durante a ação do cartel. O esquema de propina envolvia pagamentos de percentuais em obras que variavam entre R$ 400 mil e R$ 3 milhões.

Na última fase da Operação, o ex-secretário de Educação Permínio Pinto também foi preso.

Confira a audiência

A primeira testemunha
ouvida nesta tarde foi Edezio Ferreira da Silva, que à magistrada Selma Arruda relatou conhecer Guizardi, Frigeri e Vander Luiz dos Reis. Ao MPE conta que possui uma empresa e que trabalhou para a empresa de Giovanni Guizardi. Fora a testemunha a encarregada de providenciar uma sala para que as negociações ocorressem. Ele afirma se lembrar de Luiz Rondon e seu tio, identificado como Esper. Confirma também três visitas de Vander e Frigeri.

Sobre suposta licitação fraudulenta, confirma que ela não ocorreu pois foi cancelada.

Adiante afirma que Guizardi possuía quatro aparelhos celulares e que fora ele o encarregado de providenciar o prédio pois reuniões deveriam ser feitas fora da sede da empresa.

A testemunha afirma que não via problema algum em usar seu nome para alugar uma sala para Guizardi e que sequer indagou o réu sobre o fato.

A segunda testemunha
ouvida foi Luiz Carlos da Silva, que chegou adiantando à magistrada que não gostaria de ficar em silêncio e que tudo o que fora dito ao Gaeco é verdade. A magistrada não gostou da manifestação. “Esse silêncio seu deve ter alguma razão”, suspeitou. A juíza perguntou se a testemunha teria motivos para ser eventualmente investigado em uma operação policial relacionada à Remora. A defesa de Frigeri explicou que a testemunha poderia ter um desentendimento com o réu por motivos profissionais. O MPE suspeita que alguém tenha intimidado a testemunha.

Resolvida a situação, a testemunha resolveu falar. Ele narra ao MPE que sentia muita dificuldade, enquanto empresário, de receber pagamentos na Seduc, que havia um "sinistro que dificultava o pagamento".

Foi quanto teve ciência que seria Giovanni Guizardi o responsável por "facilitar o negócio".

A testemunha, ao MPE, afirma que procurou o governador Pedro Taques para avisar que estava tendo problemas para receber pagamentos na Seduc. Taques ordenou, segundo a testemunha, que Permínio providenciasse o pagamento, o que não foi obedecido.

Questionada, a testemunha nega que tivesse conversado com Pedro Taques sobre os 5% de propina de Guizardi.

A testemunha esclarece que a obra a qual ele deveria receber pagamento era da gestão passada, e não da atual. "Era uma obra antiga, eu expliquei para o governador (Taques)".

A obra, 100% concluída, foi inaugurada em março deste ano.

"Eles tão dizendo que tão fazendo um pente-fino para ter certeza de tudo que estou fazendo. Eu cobrei o governador, ele falou, 'você ainda não recebeu? '. Falei 'ainda não excelência'. Tá complicada a situação, sem receber, estou com dúvidas até o pescoço, recebendo até ameaças", explicou a testemunha, quando questionada sobre o motivo de não ter recebido.

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