O empresário Teilor Sedler, uma das vítimas de um golpe de estelionato supostamente orquestrado pelo ex-vereador João Emanuel, contou a juíze Selma Rosane Arruda, na audiência desta segunda-feira (17), que o deputado Zeca Viana também pode ter sido vítima do esquema.
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De acordo com o relato de Teilor, que testemunhou no processo em que consta como réu o empresário Walter Dias Magalhães - um dos supostos líderes do esquema -, Zeca Viana teria viajado com ele e com outros amigos para o Chile, para contrair empréstimo em um banco situado no país andino. No local, seria aberta uma conta para viabilizar o negócio.
“Nós fomos em um grupo de amigos. Entre eles estava também aquele deputado, o Zeca Viana. Todos que foram lá entregaram dinheiro e um deles, inclusive, me ligou e me pediu para que eu comentasse do caso dele, sobre um prejuízo que chegou à 1,5 milhões”, comentou.
A assessoria do deputado Zeca Viana informou que não comentará o caso. De acordo com o promotor escalado para a oitiva das testemunhas nesta segunda, Rodrigo Araújo, ele também não pode confirmar o envolvimento do deputado como vítima no caso.
Durante a audiência, o promotor chegou a questionar Teilor sobre a possibilidade de todos os que viajaram com ele terem “aplicado dinheiro no negócio”, ao que a vítima respondeu que sim, incluindo neste caso, o parlamentar pedetista.
No decorrer de seu depoimento, Sedler contou que foi apresentado a Walter Magalhães, o presidente da empresa BC Shares, porque tinha interesse em captar recursos para produção de grãos pela empresa Agro SS. Walter, no entanto, alegou que para que o empréstimo fosse feito seria preciso que Teilor abrisse uma conta em no Deutsche Bank, no Chile.
“O crédito foi ‘gerado’. Lembro que apareceu esse crédito fictício e depois sumiu e eu não vi nem o site deles mais. No decorrer do tempo esse crédito não liberava e acabou que isso desapareceu de vez”, explicou a vítima.
Castelo de Areia
Consta na denúncia resultante da Operação Castelo de Areia, deflagrada no dia 26 de agosto do ano passado, que a quadrilha liderada pelo réu Walter Dias Magalhães causo prejuízo a diversas vítima em Mato Grosso, principalmente a empresários, com a promessa de empréstimos fictícios, que eram abertos a partir do pagamento de determinados valores adiantados.
Além de Walter, que está atualmente preso, o grupo também contava com o ex-vereador João Emanuel, que segundo a Polícia Judiciária Civil, prestava apoio a Walter e ajudava o réu a ludibriar as vítimas. Na ação, o Ministério Público do Estado de Mato Grosso, por meio do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), responsabiliza oito pessoas, por constituição de organização criminosa e estelionato.
Foram denunciados: o ex-vereador João Emanuel Moreira Lima; o juiz aposentado Irênio Lima Fernandes; os empresários Walter Dias Magalhães Júnior, Shirlei Aparecida Matsouka Arrabal e Marcelo de Melo Costa; o advogado Lázaro Roberto Moreira Lima; o contador Evandro José Goulart; e o comerciante Mauro Chen Guo Quin. O processo tramita na Vara Especializada Contra o Crime Organizado da Capital.
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