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Sexta-feira, 26 de julho de 2024

Notícias | Criminal

Denúncia do MP

Alvos da ‘Bereré’ sacaram até R$ 2,2 milhões na boca do caixa; veja como funcionava a lavagem

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

Alvos da ‘Bereré’ sacaram até R$ 2,2 milhões na boca do caixa; veja como funcionava a lavagem
O Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) identificou e revelou como funcionava o esquema instalado no Departamento Estadual de Trânsito (Detran/MT), investigado nas operações ‘Bereré’ e ‘Bônus’. Além disto, também detalhou como funcionava a lavagem de dinheiro feita pelos alvos. Em uma das transações analisadas, houve saques de até R$ 2,2 milhões na boca do caixa.


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“Os dados constantes no relatório demonstram o dinheiro relacionado a contrato administrativo do Estado de Mato Grosso (DETRAN/MT) indo e voltando reiteradamente entre os denunciados, sendo esfregado na tentativa de retirar-lhe a sujeira que cobre a sua origem”, diz trecho da denúncia do Ministério Público Estadual (MPE), proposta na última quarta-feira (16).
 
Além disto, o Gaeco acrescenta que é possível verificar que, no afã de camuflar a origem do dinheiro, os denunciados se valem de táticas variadas, tais como, a utilização de empresas interpostas para movimentação do dinheiro entre eles, a emissão de cheques (título ao portador que tem em sua essência a livre e ampla circulação até que seja apresentado ao banco sacado) de pequeno valor a fim de que a transação não chame a atenção das autoridades fiscalizadoras da atividade bancária, transferências e compensação de cheques entre membros da própria família ou entre empresas das quais membros da família são sócios e, ainda, a utilização de empregados como destinatários de reiteradas transferências e/ou cheques.
 
Foram analisados pelas autoridades: movimentações entre os denunciados; entre os denunciados com terceiros (que até então não eram investigados); entre terceiros (que até então não eram investigados) com relacionamento financeiro com mais de um denunciado e entre os denunciados e servidores da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT).
 
No relatório da polícia, consta que Rebeca Maria de Sousa Arruda foi beneficiária de 538 cheques provenientes de Antonio Eduardo da Costa e Silva, os quais somam a quantia de R$ 3.044.510,76. Fato curioso é que a maior parte deste valor - R$ 2.274.587,86 – foi sacado na boca do caixa.
 
As investigações do Gaeco apontaram que Antonio Eduardo “se utiliza de pessoas que lhe são subordinadas em razão de vínculo empregatício formal para atos de lavagem, o que faz emitindo cheques de sua conta bancária e determinando, em seguida, que seus funcionários os troquem no caixa da agência bancária (operação conhecida como "saque na boca do caixa") e repassem os valores em espécie a pessoas que ele determina ou devolvam tais valores a ele”.
 
Denúncia
 
Sete deputados, um ex-governador e seu chefe de gabinete, um ex-deputado federal, um ex-secretário de Estado e um ex-chefe de autarquia foram denunciados pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso na tarde de quarta-feira (16). O grupo inclui, ainda, parentes dos gestores denunciados e empresários.
 
Da Assembleia Legislativa, foram denunciados: o presidente do Parlamento Estadual, José Eduardo Botelho e os deputados Mauro Luiz Savi, José Domingos Fraga Filho, Wilson Pereira dos Santos, José Joaquim de Souza Filho [Baiano Filho], Ondanir Bortolini [Nininho] e Romoaldo Aloisio Boraczynski Júnior.
 
Também figuram como réus o ex-governador Silval da Cunha Barbosa; o ex-deputado federal Pedro Henry; o ex-chefe da Casa Civil, Paulo Taques; o ex-presidente do Detran, Teodoro Moreira Lopes; o ex-chefe de gabinete do Poder Executivo, Sílvio Cézar Correia de Araújo
 
Operação Bônus
 
O ex-secretário da Casa Civil Paulo Taques e o deputado estadual Mauro Savi (DEM) foram presos em ação conjunta do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) e do Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco), na segunda fase da 'Operação Bereré', deflagrada na manhã desta quarta-feira (09). Além deles, outras quatro pessoas também tiveram mandados de prisão.
 
A segunda fase da 'Operação Bereré' foi batizada de 'Bônus'. Foram expedidos pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso seis mandados de prisão preventiva e cinco de busca e apreensão em Cuiabá, São Paulo (SP) e Brasília (DF). As ordens partiram do desembargador José Zuquim Nogueira.
 
A 'Operação Bônus' é resultado da análise dos documentos apreendidos na primeira fase da Bereré, dos depoimentos prestados no inquérito policial e colaborações premiadas. Tem como objetivo desmantelar organização criminosa instalada dentro do Detran para desvio de recursos públicos.
 
Bereré
 
A ‘Bereré’ é desdobramento da colaboração premiada do ex-presidente do Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso (Detran-MT), Teodoro Lopes, o “Doia". Dentre as informações prestadas por Doia, consta suposto esquema de cobrança de propina com uma empresa que prestava serviços de gravame - um registro do Detran.
 
Na primeira fase, os mandados foram cumpridos na Assembleia Legislativa de Mato Grosso e na casa de Savi e Eduardo Botelho (DEM). O ex-deputado federal Pedro Henry também foi alvo na ocasião.
 
O governador Pedro Taques (PSDB) decretou a intervenção do Estado no contrato que o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) havia firmado com a EIG Mercados para registro dos contratos de financiamento de veículos com cláusula de alienação fiduciária, de arrendamento mercantil, de compra e venda com reserva de domínio ou de penhor no Estado. A empresa foi alvo da ‘Operação Bereré’ e é apontada como pivô do esquema que teria desviado R$ 27,7 milhões.
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