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Terça-feira, 16 de julho de 2024

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REALIZAÇÃO DO DALLAS E G12

CV patrocinou 20% de show que Mc Poze do Rodo realizou em Cuiabá, revela operação do Gaeco; veja print

Foto: Reprodução

CV patrocinou 20% de show que Mc Poze do Rodo realizou em Cuiabá, revela operação do Gaeco; veja print
O Comando Vermelho de Mato Grosso patrocinou 20% do show que o Mc Poze fez em Cuiabá, em junho de 2022, na Acrimat. É o que revelou o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) no bojo da Operação Ragnatela, responsável por desarticular esquema que lavou mais de R$ 50 milhões por meio de eventos nacionais de funkeiros, grandes nomes do pagode e sertanejos. Agentes públicos também integravam a trama criminosa, facilitando as licenças e alvarás para os eventos.


Leia mais: Gaeco denuncia 14 pessoas por esquema de lavagem de dinheiro do CV em casas noturnas; DJ e blogueira se livram

O Gaeco interceptou conversa entre o alvo Rodrigo Leal, ex-servidor da Câmara Municipal de Cuiabá e promoter, e Wambaster Ollion Bispo, um dos tesoureiros da facção e que já foi alvo de diversas operações contra o tráfico, roubo majorado e organização criminosa. Inclusive, Bispo já foi alvo de mandado por conta de condenação a pena de 19 anos.

No diálogo em questão, Rodrigo e Wambaster discutem patrocínio de 20% do Comando Vermelho para realização do show do Mc Poze, em Cuiabá. “Você não entendeu velho. Já mandar lá no grupo escrito assim ó: 20% COMANDO... tá... fala desse jeito, aí vai colocar lá ó 20% DUDU, certo? Escrito assim.”, diz trecho da conversa.



A conversa resultou na conclusão por parte do Gaeco que a facção patrocinava os eventos realizados pelo braço do CV, no referido percentual. O evento em questão aconteceu no dia 25 de junho de 2022, na Associação dos Criadores de Mato Grosso, capital. A realização foi do Dallas Eventos e G12 Produções, ambos alvos da Ragnatela por suspeita de lavagem de capitais e organização criminosa.

Nesta segunda-feira (15), o Ministério Público denunciou 14 alvos da operação, pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro. Destes, cinco também receberam a imputação pelo crime de corrupção ativa.

Wambaster segue preso respondendo ações penais de diversas outras operações contra o CV. Já Rodrigo Leal, que chegou a ser encarcerado no bojo da Ragnatela, teve liberdade provisória concedida pelo desembargador Luiz Ferreira da Silva, do Tribunal de Justiça (TJMT), no final de junho.  

O desembargador considerou que não havia indícios de que Rodrigo representasse um perigo à ordem pública, à instrução criminal ou à aplicação da lei penal. Também foi levado em conta que o ex-servidor não exercia um papel de chefia dentro da suposta organização criminosa e que não havia evidências de obstrução às investigações ou tentativa de fuga.
 
Apesar da soltura, Rodrigo terá que cumprir medidas cautelares como: comparecer a todos os atos do processo, não poderá se ausentar da comarca sem autorização judicial, está proibido de manter contato com testemunhas e deverá manter seu endereço atualizado nos autos. Além disso, ele será monitorado por tornozeleira eletrônica.

Denúncia da Ragnatela

O Ministério Público do Estado de Mato Grosso apresentou uma denúncia formal contra diversos indivíduos, incluindo integrantes da facção, promoters e agentes públicos, acusados de formar a organização criminosa cujo objetivo é lavar dinheiro proveniente de atividades ilícitas.

De acordo com as investigações, a organização criminosa era liderada por Joadir Alves Gonçalves, conhecido como "Jogador", "Joga" ou "Veio". Gonçalves recebia grandes quantias em dinheiro dos membros operacionais da facção, Joanilson de Lima Oliveira, conhecido como "Japão", e João Lennon Arruda de Souza, que atuavam na distribuição de drogas.

Esse dinheiro era então canalizado para a compra de casas noturnas e a realização de eventos, facilitando a lavagem de recursos. O esquema de lavagem de dinheiro envolvia uma divisão clara de tarefas.

Willian Aparecido da Costa Pereira, conhecido como "Gordão", era responsável por repassar o dinheiro para os promoters Rodrigo de Souza Leal e Elzyo Jardel Xavier Pires, que organizavam shows no Dallas Bar e em outras casas noturnas. Para financiar os eventos, Leal e Pires contavam com o apoio do grupo de promoters G12 Eventos.

Após a realização dos shows, o lucro era dividido proporcionalmente entre os membros do G12 e os integrantes do Comando Vermelho, com a plena consciência de todos os envolvidos.

As investigações revelaram o uso de depósitos fracionados para evitar a identificação dos depositantes e a origem ilícita dos valores. Além disso, estratégias como transferências de dinheiro em espécie e o uso de empresas de fachada eram utilizadas para ocultar as transações ilegais.

Entre os sócios das casas noturnas envolvidas no esquema estão Clawilson Almeida Lacava, conhecido como "Gauchinho", e Lauriano Silva Gomes da Cruz, que desempenhavam papéis importantes na dissimulação da propriedade e verdadeira atividade das empresas de eventos.

A denúncia formalizada pelo Ministério Público menciona a clara divisão de tarefas dentro da organização criminosa, que operava com o objetivo de cometer crimes de lavagem de dinheiro e corrupção. Os crimes estão previstos nos artigos 2º da Lei nº 12.850/13, 1º da Lei nº 9.613/98, e nos artigos 317 e 333 do Código Penal.
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