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Terça-feira, 23 de julho de 2024

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ESTRATÉGIA DE DEFESA

Promotor afirma que conduta de atirador em "livrar" demais envolvidos na morte de Zampieri é comum em "crimes de sangue"

23 Jul 2024 - 11:45

Da Redação - Pedro Coutinho / Do Local - Luis Vinícius

Foto: Olhar Direto

Promotor afirma que conduta de atirador em
O promotor Vinícius Gahyva, um dos responsáveis pela acusação dos envolvidos no assassinato do advogado Roberto Zampieri, afirmou que a conduta do atirador, Antônio Gomes da Silva, em confessar a execução e isentar os demais denunciados, é uma pratica comum, sobretudo quando se trata de crime “mercenário”. Gahyva fez a afirmação ao Olhar Jurídico nesta segunda-feira (22), após a primeira audiência de instrução e julgamento do crime.


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Antônio Gomes da Silva, Hedilerson Martins Barbosa e o coronel do exército Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas, réus pelo homicídio do advogado, prestaram depoimento no Fórum de Cuiabá, na sessão realizada para coletar provas das partes e os depoimentos de todas as testemunhas.

O primeiro a depor foi Antônio Gomes da Silva. Durante seu depoimento, ele admitiu ser o autor dos dez tiros que resultaram na morte do advogado, mas afirmou que nem Hedilerson nem o Coronel tiveram qualquer envolvimento no crime. Ele também isentou o produtor Aníbal Laurindo, de 74 anos, indiciado neste mês como o principal mandante do assassinato do advogado.

Ao ser questionado pelo advogado de defesa sobre quem seria o mandante do crime, disse que iria revelar apenas no Tribunal do Júri, por temer por sua vida e saber com quem estava mexendo.

“Doutor, em garantia da minha vida, eu prefiro não falar porque sei com quem estou mexendo. Rechaço a participação do Hedilerson, do Coronel e de Aníbal”, disse, emendando ainda que foi coagido pelos delegados da Polícia Civil que estavam à frente da investigação. 

Questionado sobre a estratégia de Antônio em livrar os demais acusados e assumir toda responsabilidade para si, o promotor comentou sobre a recorrência de réus que confessam crimes para isentar outros envolvidos.

Ele explicou que, nesses casos, em que o réu recebeu promessa de recompensa ou dinheiro para a execução, é plausível usar justificativa de motivação financeira para tentar inocentar aqueles que são acusados de financiar e pagar pelo crime.

Para o réu, negar o vínculo com quemo remunerou é uma estratégia conveniente, pois pode garantir recursos para sua defesa ou outros interesses pessoais.

Gahyva acrescentou que essa prática é comum nos julgamentos, particularmente em crimes de sangue. Ele ressaltou que é natural que o réu procure isentar os financiadores para se beneficiar de uma defesa mais robusta e de possíveis recursos financeiros adicionais.
 
“Feito a questão do réu que confessou a prática do crime e procurou isentar os demais, isso é muito comum, especialmente quando se trata de um crime mercenário. Ele teria recebido para uma promessa de recompensa, ou recebido dinheiro para executar um crime, não é verdade? A mesma linha de execução que motivou a conduta que é justamente a percepção de dinheiro para a prática de um crime hediondo, justifica a continuidade de uma estratégia procurando isentar justamente aqueles que são acusados de ter financiado e ter pago. Para ele, evidentemente, é muito cômodo, né? É evidente negar o vínculo com aquele que lhe remunerou e que possivelmente pode estar garantindo recursos ainda para poder se defender”, explicou o Gahyva.

Ainda em depoimento, Antônio declarou que Hedilerson, dono da arma, não tinha conhecimento do plano para assassinar o advogado e também não sabia que sua arma seria usada no crime.

"Eu envolvi ele porque estava sendo pressionado", afirmou. Segundo a denúncia do Ministério Público, o trio havia planejado matar o advogado a marretadas. No entanto, devido à demora de Antônio em tirar o plano do papel, planejaram outro medo. 

Antonio relatou ao juiz, aos advogados e promotores que convidou Hedilerson de Minas Gerais para Cuiabá na intenção de utilizar sua arma, uma vez que ele possuía o Certificado de Registro de Arma de Fogo (CAC). Mas tudo isso, sem o conhecimento do seu amigo”. 

“Como ele pode viajar o país todo, eu vou aproveitar essa vinda dele porque eu fiquei sabendo que [CAC] pode levar a arma sem estar municiada. Ele não sabia que eu ia usar essa arma aqui”, disse. Ele disse que pegou a arma para cometer o crime enquanto o amigo estava no banho. 

Acusados negam crime

Hedilerson, por sua vez, negou a participação nos crimes e as acusações, afirmando que se tivesse envolvimento, não utilizaria a própria arma. Ele declarou que só ficou sabendo da utilização das armas após o fato. 

Também negou que tenha vindo a Cuiabá exclusivamente para trazer a arma para o assassinato, e disse que veio à capital para um torneio de tiro. Ele relatou que, um dia antes de embarcar para Cuiabá, foi à Polícia Federal para entender os trâmites de transporte da arma.

Em seu depoimento, o coronel negou que tivesse fotos do escritório de Zampieri em seu telefone e documentos dos processos nos quais o advogado atuava. Ele afirmou que nunca ouviu falar no nome do advogado Zampieri. E disse também que falava com Aníbal frequentemente e que a relação entre os dois era somente sobre política. 

“[Eu] falava com o Aníbal frequentemente. O Aníbal era uma pessoa muito engajada, politizada. Falava com ele quase todos os dias”. 
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