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Quinta-feira, 15 de agosto de 2024

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ESQUEMA DE LAVAGEM EM CUIABÁ

Apontado como "testa de ferro" do CV, dono do Dallas Bar pede acesso total às mídias de prova da Ragnatela; juiz nega

Foto: Reprodução

Apontado como
O juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, rejeitou os pedidos feitos pela defesa de Willian Aparecido da Costa Pereira, conhecido como "Willian Gordão", acusado de envolvimento em esquema de lavagem de dinheiro vinculado ao Comando Vermelho (CV). Pereira, um dos alvos da Operação Ragnatela, está sob investigação por seu papel como operador financeiro de uma rede criminosa que movimentava valores ilícitos através de casas noturnas e eventos na capital.


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A defesa de Willian Gordão solicitou acesso integral às mídias e medidas cautelares relacionadas a outras ações penais, além da reabertura do prazo para a apresentação de resposta à acusação. No entanto, o juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra negou os pedidos, argumentando que, embora as mídias completas ainda não tenham sido anexadas aos autos, os trechos utilizados na denúncia já foram destacados e transcritos, garantindo o direito ao contraditório e à ampla defesa.

O magistrado destacou que, conforme a Súmula Vinculante nº 14 do Supremo Tribunal Federal, o defensor tem direito de acesso aos elementos de prova que digam respeito ao exercício do direito de defesa. No entanto, esse direito não se estende a diligências em andamento ou a elementos ainda não documentados. Como as medidas cautelares indicadas pela defesa ainda estão em curso, o juiz determinou que permanecessem sob sigilo até a finalização das investigações.

Jean ainda destacou que o Superior Tribunal de Justiça proferiu entendimento de que a disponibilização integral das interceptações telefônicas e de outros elementos de prova antes das alegações finais é suficiente para garantir a ampla defesa e o contraditório. Assim, a ausência temporária de alguns elementos de prova não gera nulidade processual, desde que o acesso seja garantido posteriormente.

A investigação da Operação Ragnatela revelou que Willian Gordão atuava como "testa de ferro" de Joadir Alves Gonçalves, conhecido como "Jogador", um dos líderes do Comando Vermelho em Cuiabá. O esquema envolvia a compra de casas noturnas, como o antigo Dallas Bar, adquiridas com dinheiro oriundo de atividades ilícitas, e a realização de eventos musicais financiados pela facção.

A Justiça determinou a intimação da defesa para que apresente a resposta à acusação dentro do prazo legal, e ordenou que o Ministério Público providencie, em até 10 dias, a juntada de todos os arquivos de dados telemáticos e interceptações telefônicas que ainda não foram anexados ao processo.

A Operação Ragnatela, deflagrada pela Polícia Federal, busca desarticular o núcleo financeiro da facção criminosa e já resultou na prisão de diversos envolvidos, incluindo Willian Gordão e Jogador. Além das prisões, a Justiça determinou o sequestro de bens e o bloqueio de até R$ 5 milhões nas contas bancárias de Pereira, visando desarticular o esquema de lavagem de dinheiro.
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