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Segunda-feira, 06 de maio de 2024

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Após adiamentos

Ex-cirurgião plástico acusado de matar e esquartejar paciente e amante é julgado

Foto: Roney Domingos/G1

Farah Jorge Farah

Farah Jorge Farah

O ex-cirurgião plástico Farah Jorge Farah, acusado de matar e esquartejar a paciente e amante Maria do Carmo Alves em 2003, em São Paulo, é julgado nesta segunda-feira (12).

Após ter sido adiado por cinco vezes - a última vez foi em março deste ano, o júri começou oficialmente por volta das 12h e foi logo interrompido para almoço.

O julgamento ocorre no Plenário 10 do Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste da capital, e o júri é composto por cinco mulheres e dois homens. Segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), Farah acompanha o julgamento. Diferentemente de suas últimas fotos registradas, o réu agora está com barba.

Segundo o juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo, o julgamento deve terminar na quinta-feira (15). Nesta segunda, devem começar a ser ouvidas as oito testemunhas de acusação; na terça, as testemunhas de defesa; e na quarta, o interrogatório do réu e o debate entre defesa e acusação.

Em 10 de março, o juiz aceitou o pedido da defesa do réu, que alegou que duas de suas oito testemunhas não foram localizadas e isso prejudicaria seu cliente. No ano passado já haviam sido quatro adiamentos.

"Farah é perverso. Se finge de frágil. É teatral", afirmou o promotor Andre Luiz Bogado, responsável pela acusação contra o ex-médico.

Atualmente com 64 anos de idade, Farah responde solto pelo homicídio doloso, no qual há a intenção de matar. Ele é apontado como responsável pela morte, esquartejamento e ocultação do cadáver da dona de casa, paciente e amante Maria Alves. Ela tinha 46 anos quando foi morta.
"Farah premeditou o crime. Ele atraiu a paciente para uma cirurgia reparadora, depois a sedou e a esquartejou", disse o promotor Bogado.

O então médico era solteiro à época e a vítima estava casada. O marido de Maria é uma das oito testemunhas escolhidas pela acusação para depor no júri. Também foram chamados o delegado do caso e perito.

O advogado Odel Mikael Jean Antun sustenta a tese de que seu cliente matou a vítima para se defender.
“O Farah narra essa história de legítima defesa. Ela entrou com faca, ele se desvencilhou e acabou matando. E o ato do esquartejamento é de um surto psicológico que ele teve naquele momento diante da perseguição que ele sofria dessa mulher”, disse o advogado.

A defesa pretende pedir a absolvição do réu ou a redução de sua pena em uma eventual condenação baseando-se em laudo que atesta que ele é semi-imputável.

O advogado diz que, no momento, Farah “não quer falar com a imprensa.” Segundo o defensor, o ex-cirurgião está passando por dificuldades financeiras, já que passou em concursos públicos, mas nunca foi chamado para trabalhar por causa do crime que responde. Além disso, teria trancado um curso que estava fazendo em uma faculdade.

O crime

Maria foi morta em 24 de janeiro de 2003 na clínica de cirurgia plástica que Farah tinha em Santana, Zona Norte de São Paulo. Partes do corpo foram encontradas pela polícia dias depois no porta-malas do carro do então médico. O veículo estava na garagem do prédio onde ele morava.

Naquela ocasião, Farah confessou ter cometido o assassinato e ficou preso por quatro anos. A defesa alegou que ele agiu sob "violenta emoção". O defensor mostrou que, em março de 2002, Maria telefonou 3.708 vezes para o consultório do amante. Além de ameaçá-lo, Farah contou que no dia do crime, ela o "atacou com uma faca".

Em 2006, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) proibiu o cirurgião de exercer a profissão.

Em maio de 2007, seus advogados conseguiram no Supremo Tribunal Federal (STF) o direito de ele aguardar pelo julgamento em liberdade.
Em abril de 2008, ele foi a júri e acabou condenado a 13 anos de prisão pelo assassinato e ocultação de cadáver, mas o julgamento foi anulado pela Justiça. À época, a defesa alegou que laudos que atestavam que o ex-médico era semi-imputável (tinha compreensão parcial de seus atos) não foram levados em consideração pelos jurados.

O documento mostrava que ele não entendia totalmente o caráter criminoso de sua conduta. Segundo a defesa, o laudo mostra que Farah não é um psicopata e não tinha problema mental que exigisse tratamento. Mas que perdeu o controle por um instante e cometeu o homicídio.

O júri já foi remarcado seis vezes, quatro delas em 2013 e duas agora neste ano. Além do juiz do caso, a Promotoria e a defesa já pediram o adiamento.
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