O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) gaúcha manteve contato com o chefe de polícia, ainda na terça-feira (13), após a entrevista coletiva dos delegados responsáveis pelas investigações do caso Bernardo. Marcelo Bertoluci pediu esclarecimentos ao delegado Guilherme Wondracek sobre a declaração da delegada de Três Passos, Caroline Bamberg Machado, de que houve um acordo entre os advogados dos suspeitos para tentar inocentar o médico Leandro Boldrini. e jogar toda a culpa na madrasta de Bernardo, e na amiga dela.

“Existem conversas entre familiares de Leandro e de Graciele afirmando que a defesa, os advogados, dos indiciados estava arquitetando uma estratégia de defesa para que as duas, Graciele e Edelvânia, assumissem o crime, inocentando o Leandro. E ele, que era melhor financeiramente dos três, iria bancá-las financeiramente. Isso está nas interceptações telefônicas”, disse a delegada durante a entrevista coletiva na terça-feira.

Na manhã desta quarta-feira (14), Marcelo Bertoluci enviou um ofício para a Polícia Civil pedindo acesso, com urgência, às escutas telefônicas que comprovariam esse acordo. O presidente da OAB gaúcha pretende ouvir as gravações na íntegra, para depois decidir as medidas que a entidade vai tomar.

“A partir do conteúdo das interceptações telefônicas a Ordem formará a sua conclusão. Espero que o quanto antes possível estas interceptações telefônicas sejam entregues pela Polícia Civil à OAB e nós vamos continuar tratando o tema de forma prioritária”, ressalta Bertoluci.

Advogado de Leandro Boldrini, Jader Marques, nega qualquer acordo entre os advogados. O advogado de Edelvânia Wirganovicz, Demétrius Eugênio Grapiglia, também disse que não houve acerto algum. O advogado de Graciele Ugulini, Vanderlei Pompeo de Mattos, não foi encontrado pela reportagem.

Entenda o Caso

Bernando Uglione Boldrini foi encontrado morto no dia 14 de abril, após dez dias desaparecido. O corpo do jovem estava em um matagal, enterrado dentro de um saco, na localidade de Linha São Francisco, em Frederico Westphalen. O menino morava com o pai, a madrasta e uma meia-irmã, de 1 ano, no município de Três Passos.

O pai chegou a afirmar que o garoto havia retornado com a madrasta de uma viagem a Frederico Westphalen, no dia 4, quando teria dito que passaria o final de semana na casa de um amigo. Bernardo deveria voltar no final da tarde do dia 6, o que não ocorreu.

Após dez dias de investigações, foram presos o pai, a madrasta e uma amiga dela. A suspeita é de que o menino tenha sido morto com uma injeção letal. Em entrevista coletiva, a delegada Virgínia Bamberg Machado, responsável pelo caso, afirmou não ter dúvidas do envolvimento dos três na morte de Bernardo.