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Domingo, 05 de maio de 2024

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Maksuês Leite levou “rasteira” de comparsa e teve prejuízo em esquema com a Câmara de Cuiabá

Foto: Reprodução

Maksuês Leite levou “rasteira” de comparsa e teve prejuízo em esquema com a Câmara de Cuiabá
O ex-deputado estadual Maksuês Leite afirma ter sido “passado para trás” pelo próprio comparsa Gleisy Ferreira de Souza e pode ter tido prejuízo no esquema de desvio de R$ 1,6 milhão de verba pública, através de falsos trabalhos prestados por gráficas à Câmara de Vereadores de Cuiabá, que culminou na cassação do então presidente daquela Casa de Leis, João Emanuel (PSD).

Em depoimento, o ex-parlamentar e dono do Grupo O Documento afirma ter participado do esquema até as notas somarem R$ 700 mil, pouco mais da metade do dinheiro movimentado de forma ilegal. Depois disso, seu homem de confiança e operador no esquema, Gleisy de Souza, teria continuado a parceria com João Emanuel, mas sem contar a Maksuês.

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Para enganar o ex-deputado, Gleisy teria dito que João Emanuel gostaria de parar com as transações a fim de evitar problemas. “Quando chegou mais ou menos mês de julho, agosto, Glisy me procurou. A adesão já estava em R$ 700 mil, a adesão de um milhão e seiscentos. Ele falou: ‘O João Emanuel esta preocupado. É melhor parar. Parar, por que senão pode chamar atenção. Daqui dois anos voltaríamos a trabalhar com eles. Eu falei tudo bem. Ganhamos pouco, mas tudo bem”, conta o ex-parlamentar, em vídeo de um dos seus depoimentos.

Contudo, quando o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) deflagrou a “Operação Aprendiz”, falava-se em um desvio de R$ 1,3 milhão dos cofres da Câmara (Na verdade, o Gaeco divulgou um desvio de R$ 1,6 milhão). Isso teria pegado Maksuês de surpresa, pois significaria uma “rasteira” do comparsa, o qual teria operado sozinho o desvio de mais R$ 600 mil. “Ele acabou continuando a operar sozinho junto a Câmara. Ele acabou sendo aliciado por esse grupo”, concluiu.

Gleisy havia trabalhado com a tia de Maksuês, Zilda Pereira Leite, quando ela foi deputada. Quando deputado, Maksuês o chamou para trabalhar novamente na Assembleia Legislativa. Após ambos saírem da Casa de Leis Estadual, Gleisy abriu a Propel, uma gráfica que existia apenas juridicamente, a qual depois teria utilizado o espaço físico da gráfica O Documento para participar da licitação de registro de preço feita pela AL, aderida pela Câmara na gestão de Júlio Pinheiro (PTB) e usada para o desvio de verbas por João Emanuel.

Prejuízo

Além de ter sido enganado, Maksuês teria tido prejuízo de aproximadamente R$ 54,5 mil com o esquema. Isso porque teve de desembolsar R$ 100 mil do próprio bolso para pagar uma tiragem mínima de produtos na tentativa de tentar despistar quem investigava o esquema, enquanto havia lucrado ilegalmente R$ 45,5 mil.

E isso a pedido do próprio Gleisy, que garantiu reembolso da quantia por parte do grupo de João Emanuel. “Gleisy chegou e falou: ‘Precisamos confeccionar ao menos uma leva ou vamos a bancarrota’. Tirei do meu recurso, R$ 100 mil, para produzir 20 mil livros, algumas constituições e quinquilharias, fiquei de receber isso por fora e não recebi”, conta Maksuês.

Isso teria acontecido após o promotor Roberto Turin ter notificado a gráfica e a Câmara, além de já terem saído as primeiras notas na imprensa. Maksuês supostamente já não fazia parte do esquema, mas também não sabia que Gleisy continuava operando o sistema.




E, como teria participado somente até as notas terem somado em torno de R$ 700 mil, Maksuês havia “lucrado” cerca de R$ 45,5 mil com o esquema. Explica-se: Do montante total, 75% (R$ 525 mil) teria sido devolvido a João Emanuel e 25% (R$ 175 mil) ficariam para o ex-deputado e Gleisy pagar os 12% (R$ 84 mil) de impostos referentes aos “produtos fantasmas” e dividir o restante entre si (R$ 91 mil; R$ 45,5 para cada). Com o gasto de R$ 100 mil, totalizou o prejuízo na casa de R$ 54,5 mil.

A facilidade de Gleisy em enganar Maksuês estaria no fato dele ser o dono da Propel e, portanto, o titular de todas as contas. Dessa forma, o ex-parlamentar não tinha como ter controle da real movimentação junto a Câmara de Vereadores.
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