O advogado Ricardo Monteiro, que patrocina a defesa do tenente-coronel da Polícia Militar e especialista em segurança, Marcos Paccola, classificou como ‘circo’ a atuação do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), nesta segunda-feira (21), durante ação que deveria cumprir quatro mandados de prisões contra oficiais da corporação. Segundo ele, as autoridades estão usando as prisões para burlar a proibição da condução coercitiva.
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“Nós questionamos é este circo que se monta em cima de processo penal. Por isso que se fala da lei de abuso de autoridade que não querem deixar passar. A pessoa que é responsável já assumiu a responsabilidade. Agora, vem com esta prisão midiática. Em pleno 2019, continuar este mesmo circo todas as vezes. Daqui alguns minutos ou horas as pessoas são soltas. Dizem que a polícia prende e a Justiça solta. Solta porque está fazendo tudo errado”, disparou o advogado.
Ricardo Monteiro ainda pontua que a lei foi proposta justamente para tentar frear o que chamou, novamente, de circo. Ações como esta, segundo ele, tendem a condenar os alvos sem dar direito a defesa.
“Está na hora de parar. Depois reclamam, porque a nova lei não vai deixar trabalhar. A lei não vai deixar trabalhar os que fazem errado. Por que não se faz o chamamento destas pessoas ou que seja ouvido como interrogado? É um dispêndio. Saiu uma equipe daqui até Sinop para prender o Paccola, mas deram com a cara na porta, porque existia o salvo conduto”, comentou o advogado.
Por fim, Ricardo Monteiro diz que está se antecipando a pena da pessoa acusada. “E se ao final esta pessoa for absolvida, como vai acontecer neste caso. Como vai ficar perante a sociedade? A imagem já foi colada nos jornais. Está na hora de parar com o uso indiscriminado de prisões. Temos ferramentas que estão sendo deixadas de lado, como a intimação para oitivas. Isto já está provado em vários casos [usar a detenção para burlar a condução coercitiva] passou a ter a prisão temporária”.
O tenente-coronel da Polícia Militar e especialista em segurança, Marcos Paccola, alvo de operação do Gaeco encaminhou via aplicativos celulares uma mensagem onde ratifica ser o único responsável por seus atos e declara ainda “desprezar o sentimento de vitimismo e conclama a seus colegas de farda para que “sigam de cabeça erguida na missão”. Paccola e outros três colegas oficiais são investigados em um esquema de venda de armamento.
Alvo de mandado de prisão, o tenente-coronel se antecipou e conseguiu durante a madrugada um salvo-condutor, assinado pelo desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Sebastião Barbosa Farias, para que fosse apenas intimado. Uma equipe chegou a ir até sua residência, mas a ordem de detenção não foi cumprida em razão da determinação do TJ.
Além do tenente coronel, foram alvos da operação o: tenente Cleber Ferreira, tenente Thiago Satiro e o tenente Alessandro Parreira de Jesus Parreira. O PM Ferreira foi detido no último dia 25 de junho de uma operação conjunta que levou à prisão envolvidos com um esquema que garantia a entrada de celulares na Penitenciária Central do Estado (PCE).