A primeira audiência de instrução dos cinco réus envolvidos no assassinato da empresária Angela Cristina Peixoto da Silva, 32 anos, brutalmente assassinada em novembro do ano passado com 24 facadas, começou de forma 'tumultuada' e foi adiada para o próximo dia 27, conforme determinação da juíza Ana Cristina Silva Mendes, da 1º Vara Especializada da Violência Doméstica e Familiar, de Cuiabá.

O debate entre a juíza, a promotora do Ministério Público, Lindinalva Rodrigues, e os advogados dos acusados começou porque o advogado de defesa de Damião Rezende, 33 anos, marido da vítima e acusado de ser o mandante do crime, não apresentou defesa preliminar e pediu a suspensão da audiência, porque optou por não fazê-la de forma oral.

A juiza e a representante do Ministério Público apontaram, conforme os autos do processo, que o réu Damião foi intimado e o prazo para a defesa preliminar já havia expirado. "E que a sociedade saiba que não é o judiciário que está emperrando o andamento do processo, mas sim a defesa do réu", ponderou a magistrada.

Após algumas horas de discussão, a juíza decidiu adiar a audiência, pois o último réu intimado teria sido Eduardo Bezerra dos Santos, no dia 8 deste mês e, conforme a legislação, o prazo para apresentação da defesa começa a ser contado a partir do dia em que o último envolvido foi indiciado, o que poderia, futuramente, acarretar em uma anulação, por parte da defesa de Damião.

Outro fator que prejudicou os trabalhos, foi o fato de Maycon José Cardoso, 23 anos, um dos acusados de ter matado Angela, inicialmene ter dito que não possuia advogado e, uma vez solicitado um defensor público ele recusou, alegando que conseguira advogado de defesa, mas o mesmo não comparecera à audiência.

Os advogados dos réus Kleber Azevedo dos Santos e de Eduardo, que tiveram as prisões preventivas decretadas pelo Ministério Público, pediram as revogações das prisões, mas os pedidos foram indeferidos tanto pela promotora quanto pela juíza.

Entenda o caso

Ângela foi morta na madrugada do dia 16 de novembro, quando foi rendida na casa em que vivia com Damião e a filha de 7 anos. Maycon José e Daniel Paredes Ferreira, 22 anos, invadiram a residência simulando um assalto.

Eles renderam Ângela e depois de a agredirem a mataram com 24 facadas. O marido, Damião, estava na casa e é acusado de ter articulado o falso assalto e contratado os dois executores.

Damião teria entregado à dupla um controle remoto do portão da casa e aguardado a execução dentro do carro, escutando música, enquanto a filha dormia num quarto da casa.

Os acusados Eduardo e Kleber são apontados como intermediadores. Eles seriam os responsáeis pela aproximação de Damião aos assassinos contratados para o falso assalto. Maycon e Daniel acabaram presos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) no dia do crime, quando tentavam fugir para o Paraguai com a caminhonete da família, que inicialmente teria sido roubada, mas na verdade foi usada como pagamento pelo crime.

Delação premiada

Os advogados de Daniel fizeram o pedido de delação premiada. O réu se compromete a narrar os detalhes dos fatos, com o obejtivo de auxiliar no processo. Diante disso, o rapaz deve ser transferido para outro lugar, pois, conforme a defesa, ele vem recebendo consecutivas ameaças de morte.