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Domingo, 28 de abril de 2024

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Caso Bola: Acusação confia nas mesmas testemunhas

O julgamento de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que começou nesta segunda-feira, 22, em Contagem, é considerado um dos mais importantes desde o início dos júris populares que decidem o destino dos envolvidos no desaparecimento e morte da ex-modelo Eliza Samúdio, amante do ex-goleiro do Flamengo, Bruno Fernandes. Bola é acusado da execução da mulher e da ocultação de seu corpo, até hoje não encontrado. A acusação vai perguntar ao réu sobre o que ele fez com o cadáver e em qual lugar ele escondeu os restos mortais.

O ex-policial nega ter praticado o homicídio e ocultado o corpo e “não vai confessar um crime que não cometeu”, segundo afirma o advogado dele Fernando Magalhães. Porém, conforme as investigações, o acusado teria recebido R$ 70 mil para matar a vítima. Contratado por Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, secretário particular e amigo de Bruno, a mando do atleta, Bola teria matado Eliza por asfixia, na noite do dia 10 de junho de 2010, esquartejado o seu corpo, jogado uma mão dela para os cachorros comerem, e desaparecido com o resto (até hoje não encontrado).

Com a tese da negativa de autoria, a ser defendida pela defesa, a acusação aposta no conjunto de provas formado durante as investigações para condenar o réu e no depoimento das quatro testemunhas arroladas no processo: Cleiton da Silva Gonçalves, que dirigiu o carro usado para o seqüestro de Eliza, no qual foram achadas manchas de sangue dela e do menor Jorge Luiz, que participou da ação; de João Batista Alves Guimarães, ex-caseiro e ex-administrador do sítio de Bruno, do presidiário Jailson Alves de Oliveira, que afirma ter ouvido de Bola que ele havia executado a jovem, e da delegada Ana Maria Santos, que atuou nas investigações.

Todos foram testemunhas da mesma forma nos julgamentos anteriores. Cleiton, João Batista, Jailson e Ana Maria foram ouvidos no julgamento do Macarrão e Fernanda Gomes, que foram condenados, em novembro do ano passado; os três primeiros chegaram a ser intimados para depor no julgamento de Bruno e Dayanne, em março, mas foram dispensados de última hora, e a última, peça chave da acusação, é a única a prestar depoimento nos três julgamentos e, provavelmente, será convidada para o júri de Elenilson Vitor da Silva, o Vitinho, e de Emerson Marques de Souza, o Coxinha, também acusados, previsto para ocorrer no dia 15 de maio.

A defesa, por sua vez, vai atuar na tentativa de absolver o réu. Fernando Magalhães assinala que Bola é inocente e vai provar aos jurados que seu cliente não tem envolvimento com o crime. Também, irá atacar as investigações, procurando desqualificar as diligências, com base na falta de provas. Arrolou como testemunhas o deputado estadual Durval Ângelo, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, o delegado Renato Patrício Teixeira, corregedor da Polícia Civil; o repórter policial José Cleves da Silva, e o técnico de futebol, Cristiano Lopes de Almeida, que teria sido treinador do filho do ex-policial civil.

O aparecimento de José Cleves no rol de testemunhas é um elemento surpresa no processo.
Acusado de ter assassinado a mulher, durante uma simulação de assalto, o jornalista afirma ter sido alvo de perseguição do delegado Edson Moreira, que o indiciou pelo crime, e presidiu o inquérito sobre a execução de Eliza. O repórter, que afirma inocência, foi julgado e absolvido pelo Tribunal do Júri. Em 21 d abril (domingo), em Belo Horizonte, a imprensa noticiou que a defesa de Bola dispensou Cristiano de comparecer ao julgamento na condição de testemunha.



Luiz Flávio Gomes – Jurista e professor. Fundador da Rede de Ensino LFG. Diretor-presidente do Instituto Avante Brasil e coeditor do atualidadesdodireito.com.br. Foi Promotor de Justiça (1980 a 1983), Juiz de Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001).

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