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Quarta-feira, 08 de maio de 2024

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Operação Ararath

PF suspeita que “Sistema S” foi usado para abastecer esquema de lavagem de dinheiro em MT

Foto: Secom

PF suspeita que “Sistema S” foi usado para abastecer esquema de lavagem de dinheiro em MT
A aquisição de uma fazenda de quase 5 mil ha, por aproximadamente R$ 19 milhões, na região entre Rosário Oeste e Nobres (a 143 km de Cuiabá), pelo Serviço Social do Comércio (SESC) em Mato Grosso, é alvo de investigação da Polícia Federal (PF) no âmbito da Operação Ararath. A informação foi divulgada em uma reportagem da revista Isto É.

Segundo a publicação da Isto É, a PF encontrou indícios de que o Sistema S teria sido usado para abastecer o esquema de corrupção e lavagem de dinheiro investigado pela Operação Ararath em Mato Grosso.

O contrato milionário foi assinado pelo atual secretário da Casa Civil de Mato Grosso, Jamil Pedro Nadaf, à época presidente da Federação do Comercio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Mato Grosso (Fecomercio). Por meio de assessoria de imprensa, Nadah garantiu que as informações sobre o suposto superfaturamento não condiz com a realidade dos fatos e afirma que toda a negociação foi feita dentro da legalidade.

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Sistema S é o termo que define o conjunto de organizações das entidades corporativas voltadas para o treinamento profissional, assistência social, consultoria, pesquisa e assistência técnica, que além de terem seu nome iniciado com a letra S, têm raízes comuns e características organizacionais similares.

Fazem parte do Sistema S: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai); Serviço Social do Comércio (Sesc); Serviço Social da Indústria (Sesi); e Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio (Senac). Existem ainda os seguintes: Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar); Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop); e Serviço Social de Transporte (Sest).

Conforme a reportagem da Isto É, em 2011, o Sesc Nacional comprou do empresário Rodolfo Aurélio Campos uma fazenda de cinco mil hectares, na região de Barra do Ribeiro Triste. O negócio foi divulgado pelo Olhar Direto como uma das grandes apostas do Sesi para o turismo com vistas a Copa do Mundo de 2014. Leia aqui 

No entanto, segundo a reportagem da Isto É, o Sesc pagou quase R$ 20 milhões pelo s, pelo menos dez vezes mais que o valor de mercado, segundo avaliação feita pela Edificar Empreendimentos Imobiliários. A propriedade não custaria mais que R$ 2 milhões à época, e hoje não passa dos R$ 2,5 milhões, segundo a Edificar.

Nadaf explicou ao Olhar Jurídico que o processo de aquisição da área, de mais de cinco mil hectares, o Departamento Nacional do Sesc contou com avaliações oficiais, sendo que levou-se em conta toda a área, infra-estrutura do local, e as benfeitorias. De acordo com a nota enviada à imprensa, o entorno da fazenda é área de cultivo de soja, "e o mercado é que dita os valores, além de ser a nascente do Rio Cuiabá, com muitos pontos de atratividades ao turismo, a exemplo da cachoeira da Serra Azul. O Sesc optou pelo local devido sua política de turismo voltado a sustentabilidade", diz trecho da nota.

A compra da fazenda foi autorizada pelo então presidente do Sesc Nacional, Antônio José Domingues de Oliveira Santos e aprovada pelo Conselhos de Administração e Fiscal.

O presidente da Fecomércio esclareceu ainda que para adquirir qualquer propriedade o Sesc Nacional necessita obrigatoriamente de avaliações oficiais, e passa por um Conselho de Administração, com mais de 50 membros, além de órgãos de controles, interno e externos. Ele assinou, representando o presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo –CNC, Antonio de Oliveira Santos, após um parecer conclusivo.

Citado pelo delator

O empresário Gercio Marcelino Mendonça citou o Nadaf em depoimentos que prestou em face de deleção premiada à Polícia Federal. O empresário afirmou que o secretário-chefe da Casa Civil seria o intermediador de um esquema, feito junto a grandes frigoríficos.

Em troca de benefícios fiscais no Estado, as empresas do setor repassariam ao governador Silval Barbosa, por meio de Pedro Nadaf, a quantia de R$ 3 milhões mensais. No depoimento, Júnior Mendonça admitiu que nunca teve contato pessoal com Nadaf.

Medonça afirmou ainda que ele disse o ex-secretário de Estado Eder Moraes, lhe confidenciou que Pedro Nadaf teria ido várias vezes ao Panamá – país da América Central e conhecido paraíso fiscal, usado para lavagem de dinheiro.

Entenda o caso

A investigação da Polícia Federal apontou que transferências bancárias totalizando o valor de R$ 520 mil à empresa Brisa Consultoria e Assessoria, pertencente ao secretário adjunto do Tesouro de Mato Grosso, Vivaldo Lopes Dias, teriam sido usadas no suposto esquema de lavagem de dinheiro tendo o ex-secretário de Fazenda, Eder Moraes, como principal organizador. No período em que Eder de Moraes ocupava a cadeira de secretário da Sefaz (entre fevereiro de 2008 e março de 2010) Vivaldo Lopes Dias era o secretário-adjunto da pasta. Os empréstimos eram viabilizados via Bic Banco.

As transferências – de acordo com demonstrativo encaminhado à Justiça Federal – foram realizadas entre janeiro e março de 2010 por meio de contas da Globo Fomento e Comercial Amazônia de Petróleo, pertencentes ao empresário Júnior Mendonça (delator do esquema), de acordo com a Polícia Federal. Os acusados negaram as práticas de crimes para Policia Federal.

Eder Moraes, Laura Dias, Vivaldo Lopes e Luiz Cuzziol foram denunciados após investigação da Polícia Federal que revelou um suposto esquema de obtenção de empréstimos fraudulentos junto ao Bic Banco e as empresas Amazônia Petróleo e Globo Fomento Mercantil que eram pagos mediante a liberação de cartas de crédito pelo Estado. No entanto, a polícia aponta que o dinheiro era realmente usado para o ‘abastecimento’ de um núcleo político do Estado que comprava pesquisas e apoio político.
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