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Quarta-feira, 01 de maio de 2024

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SETE MORTOS

"Armar a população torna a vida do cidadão mais segura ou mais violenta?", questiona PGJ após chacina em Sinop

Foto: Reprodução

Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC), Edgar Ricardo de Oliveira, 30 anos, assassinou sete pessoas, sendo uma adolescente de doze anos, em um bar localizado no município de Sinop (500 Km de Cuiabá),com uma espingarda calibre 12. Em suas redes sociais, ele compartilhava vídeos praticando tiro. O massacre que chocou o país levantou discussões sobre a ligação que o trágico crime teria com a irresponsável política armamentista que levou à proliferação de “clubes de tiro” pelo Brasil. Novo procurador-geral de Justiça, Deosdete Cruz Júnior afirmou ao Olhar Jurídico que política de liberação de armas, por si só, não é capaz de frear índices de violência.

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“Esse caso da chacina é um caso chocante, ficamos muito chocados com isso porque você vê pelas imagens a frieza com o qual aquele crime foi praticado. Existem diversos fatores que aí uma boa investigação vai apurar, e esses fatores podem sim dar causas à questões paralelas como por exemplo a questão do desarmamento”, apontou o PGJ.

Ele acrescentou que, infelizmente, há elevado nível de violência na sociedade brasileira. Conforme dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2021, as armas de fogo permanecem como o principal instrumento utilizado para matar, com 98,4%; 75% dos homicídios dolosos; 65,9% dos latrocínios (roubos seguidos de morte); e 11% das lesões corporais seguidas de morte.

Diante da repercussão negativa do massacre, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, também se manifestou. Ele atribuiu a morte das vítimas ao que chamou de resultado trágico da irresponsável política armamentista que levou à proliferação de “clubes de tiro” no país. Edgar Ricardo de Oliveira, frequentava um desses clubes na cidade de Sorriso (420 km de Cuiabá), segundo informações preliminares da Polícia Civil.

Conforme a Federação de Tiro de Mato Grosso, Edgar possui Certificado Registro emitido pelo Exército Brasileiro e já foi filiado a um clube de tiro em Sinop. No entanto, acabou desfiliado por falta de frequência no local, como exige a legislação atual.

Em vídeos compartilhados no Tik Tok, Edgar aparece atirando em uma árvore. Em outra publicação, ele exibe o resultado do treino em um clube de tiro. Depois da repercussão do caso, Edgar privou as contas nas redes sociais.
“O que existe infelizmente é um elevado nível de violência na sociedade brasileira. E esse elevado nível de violência está sendo exposto seja através de armas legais e armas ilegais. Não me parece que uma política de liberação de armas por si só seja capaz de frear os índices de violência”, apontou Deosdete.

“Armar a população torna a vida do cidadão mais segura ou mais violenta? Essa é uma conclusão que tem de vir do congresso nacional de uma vez por todas para que a gente não fique ao sabor da mudança dos governos do executivo. Nós precisamos de uma política de segurança pública, e não uma postura de segurança pública que adote a conveniência do presidente da república”, acrescentou.

De acordo com registro da ocorrência, no dia do crime, Edgar e Ezequias estavam jogando sinuca com as vítimas em um bar da cidade e teriam perdido R$ 4 mil em aposta. As vítimas, então, teriam zombado dos autores que em dado momento foram embora.

No entanto, logo depois eles retornaram armados com uma pistola 380 e uma espingarda calibre 12, atiraram contra sete pessoas e depois fugiram. Seis morreram ainda no local e uma foi socorrida em estado grave. 

As sete pessoas mortas pelos criminosos foram identificadas como: Getúlio Rodrigues Frazão, 36 anos; a filha Larissa Frazão de Almeida, 12 anos; Maciel Bruno de Andrade Costa, 35 anos, (dono do bar); Orisberto Pereira Souza, de 38 anos; Adriano Balbinote, 46 anos; Josué Ramos Tenório, 48 anos, e Elizeu Santos da Silva, de 47.

Frequentava clube de tiros

Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), mais de 1,6 mil novas empresas voltadas ao comércio de armas de fogo e munições começaram a funcionar no Brasil. Apenas no último ano da gestão do ex-presidente, em 2022, o Exército autorizou a abertura de 605 estabelecimentos do tipo.

Ainda conforme dados do Anuário de Segurança Pública, houve uma constante crescente no número de Certificados de Registros (CR) ativos de Caçadores, Atiradores e Colecionadores (CAC) no SIGMA/Exército Brasileiro registrados entre 2018 e 2022. Em 2018, foram emitidos cerca de 117 mil certificados. Em 2022, a quantidade saltou expressivamente para 673.818, um aumento de aproximadamente 556 mil.
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